A semana termina com a divulgação pelo site The Intercept Brasil de conversas entre membros da quadrilha de Curitiba que a um tempo enojam e revoltam.
Como disse o prestigiado jornalista e escritor Gilberto Dimenstein, na rede, desculpando-se por “ter falado tão bem e defendido tanto os procuradores da Lava Jato”, Deltan Dallagnol e sua corja são de fato “canalhas morais”.
Depois de manipular informações, de criar provas, de negar a defesa dos acusados, confundindo-os, ardilosamente, com acusadores, no trato das delações (decisão da Segunda Turma do STF confirma), enriquecer como palestrantes de araque, não há, contudo, palavras que definam com exatidão o que fez essa gente desde 2014.
O pior só agora veio à tona, mas já o sabíamos: tripudiaram da dor alheia, medindo com o metro do seu caráter o sofrimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva quando da morte da mulher, chegando ao ponto de aventar a hipótese de que se tratasse de queima de arquivo; consideravam “passeio” a ida do ex-presidente ao enterro do irmão Vavá, e anteviram como proveitoso para ele assistir ao sepultamento de um neto. Monstros, monstros, monstros. Três vezes monstros.
Os monstros de Curitiba II
Sabe-se, hoje, que Deltan Dallagnol mentiu ao negar muitas vezes ter passado informações para a imprensa sobre investigações em andamento. Demos voz ao bandido: “O operador da Odebrecht era Bernardo, que está na Suíça. Os EUA atuarão a nosso pedido, porque as transações passaram pelos EUA. Já até fizemos um pedido de cooperação pros EUA relacionados aos depósitos recebidos por PRC. Isso é novidade. Você tem interesse de publicar isso hoje ou amanhã, mantendo meu nome em off? Pode falar fonte do MPF.” (sic) Ao que o jornalista, cuja identidade não foi revelada, responde: “Putz sensacional! !!! Publico hj!!!!!!!” (sic)
Ato contínuo, Dallagnol posta no grupo FT MPF 2: “Amanhã cooperação com EUA pro Bernardo é manchete do Estadão. Confirmado”.
A matéria seria manchete de capa do jornal O Estado de S. Paulo no dia seguinte.
Os monstros de Curitiba III
A complicar a situação para os monstros de Curitiba, é inconteste o fato de que a autenticidade das conversas divulgadas pelo The Intercept Brasil está de uma vez por todas reconhecida, que o diga o pedido de desculpas da procuradora Jerusa Viecili, integrante da força-tarefa, ao ex-presidente: “Errei. E minha consciência me leva a fazer o correto: pedir desculpas à pessoa do ex-presidente Lula”.
Os monstros de Curitiba IV
O pedido de desculpas, que reconhece a autenticidade das conversas divulgadas pelo The Intercept Brasil, no início da semana, diz respeito aos comentários monstruosos de integrantes da força-tarefa de Curitiba quando da morte de Marisa Letícia, vítima de um AVC, em 2017. A procuradora, ironizando o fato, dissera na ocasião: “Querem que eu fique pro enterro?” (sic)
A monstruosidade de Vieceli iria se repetir com relação à morte do neto de Lula de sete anos. A coisa enoja, fiquemos por aqui.
Álder Teixeira é Mestre em literatura Brasileira e Doutor em Artes pela Universidade Federal de Minas Gerais
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