A onda dos pequenos negócios continua avançando. O sucesso chegou para os pequenos empreendedores, que puderam tirar aquela ideia da gaveta e começar a expandir para o mercado. Nesta seara, a maioria dos empreendimentos está na produção e entrega de alimentos prontos: bolos, doces decorados, sobremesas, temperos caseiros e os pratos regionais; mungunzá, baião-de-dois, vatapá.
Os pequenos investidores recorrem a estratégias quase sempre comuns, para minimizar custos e fazer o negócio prosperar. Eles usam a cozinha de casa, os transportes próprios e geralmente são pessoas da mesma família que estão envoltos do projeto econômico.
Empreender num momento de crise no mundo, além da atitude de coragem, é também uma forma de sobrevivência para muitos que viram minar seus empregos, ou experimentaram a frustração de ver escapar pelos dedos os padrões de uma vida econômica estável, por causa do vendaval provocado pela pandemia. Para esses empreendedores, recomeçar é tudo. É verdade que alguns estão empreendendo pela primeira vez, e para esses, é oportunidade. Para os que estão ressurgindo das cinzas como a fênix, o momento é de comemoração e de acreditar.
É para contar essas histórias e brindar o leitor com a continuação da série iniciada na edição passada, que estamos publicando em mais um caderno os pequenos negócios que foram impulsionados por ocasião da crise pandêmica.
Então, caros leitores, abram alas porque aí vêm eles, os iguatuenses que não têm medo de empreender, e, usando ferramentas próprias, criatividade, dedicação e faro para os negócios, estão metendo medo na tal da crise.
Delícias Nordestinas
Diz a ciência que é da crise de onde surgem as boas ideias, exemplares profissionais e grandes empreendimentos. Para se reinventar, pessoas comuns estão dando uma sacada em projetos, antes esquecidos para tentarem sobreviver na varredura da pandemia. É o que está acontecendo com o comerciário Ellyson Hyago, 24. Ele trabalhava numa loja de material de construção, até que a pandemia veio e varreu seu emprego formal com carteira assinada. Sem trabalho e sem perspectivas, Ellyson recorreu ao talento da mãe Francisca, de reconhecida mão-de-obra na arte da cozinha regional, para criar e lançar dois pratos de grande sucesso: mungunzá e vatapá. Ele criou a marca ‘Delícias Nordestinas’ e passou a vender os pratos pela internet usando as redes sociais, pelo WhatsApp e Instagram. Segundo Elysson, o negócio funciona de quarta a sábado, das 16h às 21h. O pai dele, Zilton, a sogra Elineuda e o sogro Zé Airton, também são parceiros no negócio e prestam suas ajudas. Zilton e Zé Airton se desdobram com as entregas. Eles usam motocicletas para agilizar a chegada dos pedidos aos endereços dos clientes e garantir que os pratos ainda estejam quentes, prontos para o consumo.
Ellysson usa o espaço da própria casa, na Rua Manoel Alexandre, no bairro Prado. “Minha mãe é uma excelente cozinheira, e muitas pessoas falavam para ela fazer comida para vender, que poderia dá certo, mas como já havia muita gente vendendo comidas, quentinhas, aí resolvemos fazer uma coisa diferente. Um certo dia ela conversou com minha sogra e chamou para fazer mugunzá e vatapá, já que tinha poucas pessoas vendendo isso, e, graças a Deus, está dando certo até agora”, frisou. O ‘Delícias Nordestinas’ é mais um pequeno negócio que surgiu no meio da pandemia. Agora ele precisa se manter.
Tempero, sabor e sucesso
A fidelidade da clientela e originalidade dos pratos são dois elementos que devem caminhar juntos, para que o sucesso seja permanente. Para confeccionar um bom mungunzá, dona Francisca afirma que usa milho, feijão, carne bovina, bucho de gado, toucinho e verduras. Um diferencial do prato é o torresmo, acrescentado quando já está pronto. No vatapá, ela utiliza peito de frango, pão, milho verde, leite, creme de leite e pimenta. A clientela aprova. O segredo é agradar o paladar. Em termos de tempero e sabor, associados ao equilíbrio entre os grãos, massas, carnes, verduras e textura, as mulheres da cozinha se garantem. Esses fatores vão garantindo o sucesso do negócio, que, segundo Ellysson, é tão intenso, que normalmente o produto acaba antes de atender à procura.
Yara Doces
Apresentamos a jovem Yara, 27, acadêmica do curso de Educação Física. A ciência ainda não sabe se vai ganhar uma boa ‘educadora física’, mas a gastronomia já tem uma excelente confeiteira. A menina que brincava de vender trufas com as colegas, ainda quando estava no ensino médio, levou a ideia dos ‘docinhos’ quando foi para a faculdade e desde 2018 resolveu encarar de vez o negócio. “E hoje não me vejo sem viver no mundo da confeitaria! Comecei pra ter uma renda extra e continuo por amor a esse trabalho”, afirmou.
Yara emprestou seu próprio nome como marca: ‘Yara Doces’. Ela usava a cozinha de casa, mas o espaço se tornou pequeno e foi preciso ampliar. Ótimo, porque veio a pandemia e a investidora viu que precisava se reinventar para não ver o negócio acabar. “No início foi complicado porque o meu foco era doces de festa, e com a pandemia as festas grandes acabaram, mas foram passando os dias e eu fui inovando com as minhas pronta-entregas, fui criando doces novos e fazendo mais divulgações, com isso ganhei muitos clientes, e vendendo bem mais pronta-entrega do que eu vendia antes dessa pandemia”, disse.
Direto da cozinha ampliada em casa, no bairro Prado, Yara, com a ajuda da mãe Maria Neta de Oliveira, 65, transforma leite condensado, creme de leite, achocolatado, e manteiga, nos doces mais cobiçados. Quando se juntam na cozinha, mãe e filha produzem maravilhas que agradam em cheio os paladares de todas as idades. São doces para festas (doces gourmet e tradicionais), sobremesas, bombons baianos, cones trufados, brigadeiro de colher, bolo de pote. Associe esses sabores ao talento de ‘mãos de fadas’ da Yara, para criar as embalagens que chegam até os clientes. Nos planos para o futuro da menina empresária, dois passos à frente: sair da informalidade e ampliar o leque de produtos. “Viso ampliar o negócio, estudando e inovando sempre mais, quero também começar a trabalhar com bolos futuramente e quero sempre me destacar por ter qualidade, pois sempre faço minhas coisas com muito amor”.
Mungunzá da Luíza
“Não há receita pronta, faço tudo com amor”. A frase é da ex-empregada doméstica Maria Luíza, 46, dona do empreendimento ‘Mungunzá da Luíza’. Dona de um talento único para a culinária regional, Maria Luíza consegue fazer um mungunzá inigualável. Ela já tinha o talento, a receita e o prazer de cozinhar, mas faltava o pontapé inicial do próprio negócio. Foi quando a pandemia se instalou que a filha Thiara Isla, 26, e o genro Davi deram o oxigênio que faltava e tudo começou. “Minha mãe sempre trabalhou como doméstica e ela sempre fazia mungunzá para as pessoas, fazia também para aniversários e todo mundo sempre amou o mungunzá dela. Aí eu e meu esposo pensamos porque não fazer pra vender? Aí conversamos com ela e deu certo. Ela começou fazer e está sendo um sucesso nessa pandemia, graças a Deus”, revelou Isla.
A família usa as redes sociais para propagar e comercializar o ‘Mungunzá da Luíza’, prato que é a estrela do empreendimento recém-criado. Isla disse que tiveram a ideia de incentivar Luíza a fazer o prato para vender, pelo fato de as pessoas estarem em casa (isoladas) e a maioria dos locais onde vende comida pronta estarem fechados. “A hora era aquela, então foi o momento certo”, disse.
Luíza reside no bairro Prado, mas usa a cozinha da filha Isla, no bairro Areias 2 para preparar a iguaria regional. Segundo Isla, o espaço é melhor e a localização. Além do apoio da filha, Luíza conta com o trabalho do genro Davi e o pai dele Juscelino Alves. Manuela Alves, irmã de Davi, além de assistente de Luíza na cozinha, organiza os pedidos dos clientes que vão chegando pelas redes sociais. As jornadas começam cedo, por volta das 6h. As entregas ocorrem das 10h às 14h e das 18h às 22h. O negócio funciona de quinta a domingo.
Ingredientes
Por mês Maria Luíza consegue vender cerca de 350 porções de mungunzá. Se multiplicar por 12 meses, ela consegue distribuir cerca de 4.200 porções. A cada mês, para produzir os panelões de mungunzá, a empreendedora usa cerca 16kg de feijão, 16 quilos de milho, 16kg de costelinha de porco, 20kg de linguiça calabresa, 25kg de toucinho, 96 pacotes de cheiro verde, 32 cebolas, 16 cabeças de alho, 32 pimentões e água mineral para o cozimento. Cada porção é vendida a R$ 8,00, incluindo a entrega. O faturamento mensal do negócio gira em torno do de R$ 2.800,00. Por ano o faturamento pode alcançar a cifra de R$ 33 mil. No futuro cardápio do negócio, estão outros pratos regionais, como o vatapá e a feijoada, também especialidades da Luíza, mas atualmente a aposta dela é somente no mungunzá.
Pequenos negócios
“Em momentos de crise, seja por necessidade ou para aproveitar oportunidades, é comum as pessoas despertarem o seu lado empreendedor. É a hora de se reinventar, inovar, achar modos diferentes para se manter no mercado. A pandemia e o isolamento social, sem dúvida alguma, foram um duro golpe nos diferentes setores econômicos. Muitas pessoas perderam seus empregos e sua renda. Por outro lado, fez surgir e aumentar uma série de pequenos negócios, de produtos muitas vezes feitos em casa ou de serviços de entregas etc. Isso é bastante salutar, pois além de garantir renda, acaba gerando empregos, diminuindo assim o impacto negativo da crise.
É importante, porém, que esses pequenos e muitas vezes novos empreendedores se cerquem de cuidados para proteger a saúde financeira dos seus negócios. O ideal é consultar um especialista ou órgãos de apoio como o SEBRAE ou universidades, prefeitura. É interessante, nesse momento, fazer uma pequena contabilidade, registrando todos os custos, despesas e receitas. Procurar ver se o preço praticado é condizente com o mercado e capaz de gerar lucros. Observar a quantidade mínima necessária de vendas diárias a ser atingida para não ficar no prejuízo. Além disso, esse pequeno empreendedor deve se preocupar em formar um capital suficiente para fazer girar o negócio e se prevenir de possíveis contratempos. Buscar financiamentos com taxas de juros especiais também é válido para fazer crescer o negócio.
Tão importante quanto as finanças é a criação de estratégias de marketing do produto. A propaganda de “boca a boca”, usando as ferramentas digitais, redes sociais acabam por fidelizar os clientes além de propiciar uma aproximação que, muitas vezes, permite a personalização dos produtos ou serviços, agregando, consequentemente, valor ao produto.
Por fim, não podemos esquecer de falar que os cuidados sanitários e de segurança devem ser sempre seguidos e que, mais cedo ou mais tarde, esses agentes devem procurem sair da informalidade para criar mecanismos de crescer e se resguardar. A crise vai passar, e é importante sair dela mais forte, mais preparado e mais competente”.
Marcelo Ximenes Teles da Roza, formado em Ciências Econômicas –UFC, Mestrado em Economia Rural-UFC, Professor da Urca-Iguatu desde 2012, coordenador do curso de Ciências Econômicas da Urca-Iguatu entre 2014-2019, professor da FASC desde 2018, atualmente é diretor geral adjunto da Urca-campus Iguatu e coordenador do Núcleo de Mobilização da plataforma Ceará 2050 na região Centro-Sul
Os negócios estão se reinventando
“Adaptação é a palavra-chave para minimizar os impactos dessa pandemia. Se por um lado, empresários lutam para não fecharem as portas, por outro, novos negócios surgem ou se reinventam. Com a necessidade de isolamento social, segmentos que oferecem produtos e serviços necessários durante esse período atípico, registram crescimento acelerado. A chamada “empresa de garagem” é um modelo de negócio que vem aumentando, apesar de o avanço do novo coronavírus estar impactando negativamente a economia, a formalização como microempreendedor individual é uma alternativa para geração de renda durante e pós-crise.
Muitos empreendedores passam muito tempo na informalidade, pensando somente nos custos e por desconhecerem os grandes benefícios que o processo de formalização traz. Porém, quando se formaliza, passa a ter CNPJ, ou seja, tem facilidades com a abertura de conta bancária, no pedido de empréstimos e na emissão de notas fiscais, assim como ter obrigações e direitos de uma pessoa jurídica. Destaque-se que o principal refere-se a despesas apenas com o pagamento mensal do Simples Nacional. Esse valor varia entre R$ 53,25 se sua atividade for comércio ou indústria; R$ 57,25 se sua atividade for prestação de serviços e R$ 58,25 se sua atividade for comércio e serviços juntos. O pagamento pode ser feito por meio de débito automático, on-line ou emissão do Documento de Arrecadação do Simples Nacional (DAS).
Para ser um MEI, tem que observar alguns critérios: o faturamento não pode exceder R$ 81.000,00 por ano ou R$ 6.750,00 por mês; não pode ter participação em outra empresa como sócio ou titular, ter no máximo um empregado contratado que receba salário mínimo ou o piso da categoria e verificar se a sua atividade está contemplada pela categoria. Apesar de poder exercer atividades comerciais em endereço residencial. Importante é checar na prefeitura se a localização permite exercer a atividade, evitando multas e/ou suspensão do alvará do negócio.
Agora que você já sabe sobre valores e despesas e o que é preciso para ser um MEI, vamos aos benefícios e direitos de ser um MEI:
– A formalização garante benefícios previdenciários como auxílio-maternidade; Direito a afastamento remunerado por problemas de saúde; aposentadoria;
– Desburocratização para se formalizar, ou seja, abrir um MEI gira em torno de 1 dia e todo processo é realizado no Portal do Empreendedor, ou Sebrae ou Salas do Empreendedor e Núcleo de Empreendedorismo da Urca.
– Com CNPJ, pode abrir conta em banco e tem acesso a crédito com juros mais baratos. Pode ter endereço fixo para facilitar a conquista de novos clientes;
– Permite a emissão de notas fiscais;
– É possível vender seus produtos ou serviços para o Governo;
– Sendo MEI, você é enquadrado no Simples Nacional e ficará isento dos tributos federais (Imposto de Renda, PIS, Cofins, IPI e CSLL);
– Conta também com o apoio técnico do Sebrae para auxiliar na gestão e inovação do seu negócio. Conta também com o apoio técnico do Sebrae para auxiliar na gestão e inovação do seu negócio. Principalmente sobre Transformação Digital, Finanças e Protocolos de Segurança alimentar.
Então, para o empreendedor que não vislumbrou a oportunidade de negócio, fica uma dica: para empreender é essencial cuidar da gestão do seu negócio, por isso é importante sempre ter em mente quais são os objetivos da sua empresa, traçar as estratégias necessárias para alcançar as metas e, assim, obter sucesso.
No Sebrae você encontra um time de especialistas em pequenos negócios que está preparado para ajudá-lo. Conte com o Sebrae. Estamos atendendo nesse período através dos canais remotos: através da Central de Relacionamento e WhastApp pelo telefone 0800.570.0800 e no portal do Sebrae/CE, no endereço eletrônico www.ce.sebrae.com.br. canal de atendimento “Converse online com Sebrae” e você tem acesso a orientações inclusive sobre acesso à credito, medidas governamentais, capacitações EAD e por WhatsApp, consultorias em gestão e inovação. É o Sebrae com você! Porque estar junto é mais que estar perto”.
Elizângela Melo, Articuladora Regional do Sebrae
Instagram: Delícias Nordestinas _gugu04oficial
WhatsApp: (88) 994983674 / 988480042
Instagram: mungunzadaluiza
WhatsApp: (88) 9695-8865
Instagram: yaraDocesGourmet1
WhatsApp: (88) 9.9611-1219
0 comentários