Luís Sucupira é repórter fotográfico, jornalista (MTE3951/CE) e escritor
A foto desta coluna foi feita em 12 de outubro de 2021, às 19 horas e 30 minutos. Mas antes eu preciso voltar ao dia 27 de maio de 1950. Uma notícia publicada no jornal Diário de Notícias, do Rio de Janeiro, colocou Iguatu como um dos pioneiros no uso da nomenclatura “discos voadores”. Naquele dia, a cidade de Iguatu foi testemunha de um avistamento de OVNI (Objeto Voador Não Identificado) e que assustou a população. O que mais chamou a atenção no relato foi a velocidade com que o objeto se locomovia. O povo se apinhou, à época, nas praças Gonçalves de Carvalho e Otávio Bonfim para ver o estranho percurso (vide imagem da notícia) testemunhado por muitos e confirmado pelo insuspeito comerciante Zenith Rosas.
A primeira vez que o termo foi usado no mundo aconteceu três anos antes e foi registrada na edição de 25 de junho de 1947, do jornal Y East Oregonian, quando dois jornalistas publicaram um curto artigo no periódico, com uma entrevista do piloto civil Kenneth Arnold, sobre sua observação de nove objetos voadores em forma de crescente muito brilhantes, que comparou a pires saltando sobre a água. Em inglês chamaram de flying saucers ou pires voadores e, em português – discos voadores. A expressão UFO é de origem americana, com a tradução OVNI – Objeto Voador Não Identificado. Porém, a expressão disco voador é de origem popular e em Iguatu do ano 1950 já se falava deles, três anos depois da primeira notícia correr o mundo falando sobre avistamentos de discos voadores.
Iguatu sempre foi uma cidade curiosa por conhecimento e novidades. Não é estranho imaginar que aqui já se soubesse disso, pois diz a lenda que aqui se não existe inventam, e se for real, aumentam. Mas era a verdade sem predicados, superlativos ou adjetivos.
Mas voltemos a 12 de outubro de 2021. Eram 19h30min, Jiqui, Quixelô, Ceará, Brasil, América do Sul, planeta Terra, Sistema Solar, Via Láctea. Ano estelar? Não sei. Pula essa parte. Cerca de 11 pessoas avistaram vários OVNIs ou discos voadores, inclusive eu. Nunca escrevi sobre isso e nem falei oficialmente, mas vou contar desde o começo.
Estava eu sentado mexendo no celular e me chamaram para ver uma luz estranha. O pessoal da roça está acostumado a olhar esse céu estrelado todos os dias e sabe diferenciar estrela de coisa estranha. Fui lá ver porque estavam bem ansiosos. Não era estrela. Era coisa estranha. Uma luz intensa, silenciosa, de um brilho lindo se movendo na horizontal, depois vertical e de volta e para cima e de repente, sumiu a uma velocidade absurda sem fazer nenhum barulho!
O pessoal gritava para eu pegar a câmera, mas eu fiquei um tempo parado tentando descobrir como registrar um OVNI. Decidi ir pegar a câmera e o tripé. Sempre levo, pois gosto muito de fazer fotos do céu noturno no Jiqui. Regulei o obturador para 8 segundos de exposição achando que não teria outra chance de fotografar, mas era meu dia de sorte e começou uma festa incrível de luzes, a sudeste, depois ao norte, nordeste e bem acima da Serra do Franco (local desta foto da coluna). O povo gritava onde tinha um e eu apontava e com foco no infinito disparava. Não dava tempo de conferir a foto e logo aparecia outro. As luzes se misturaram com dois aviões que passaram e dava para saber o que era avião e o que não era. Algumas fotos depois, sumiram.
Ver fotos no visor da câmera não ajuda muito. Em casa e com calma pude ver o que realmente tinha registrado. Mostrei a alguns colegas da imprensa, mas não autorizei a publicação. Tinha medo de que o sossego do lugar acabasse por causa da grande leva de curiosos que poderia atrair. Hoje, quatro meses depois, resolvi contar essa história quando a professora e historiadora, Dra. Jaquelini de Souza me passou essa notícia de 1950. Se naquela época narraram isso, eu poderia contar também. As fotos originais estão guardadas. Vou publicar apenas uma que, em 8 segundos, mostra o rastro de luz deixado pelo movimento de um dos pires voadores naquela noite estranha e maravilhosa.
Depois disso, me informaram outras aparições, bem mais simples e menores e nunca mais outra vez. Não sei o que são, mas são lindos e confesso que queria ver outra vez. Meu café nunca mais foi o mesmo. Afinal de contas a xícara se assenta sobre um pires que não voa, mas enche a minha mente de lembranças de uma noite inesquecível.
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