Os sonhos e o talento individual de Leandro

Como todo menino apaixonado por futebol, Leandro quer ser jogador profissional.

27/02/2021

Ele é só um menino, tem 15 anos de idade e embalado por uma gorduchinha arredondada, uma paixão no mundo. A bola é um brinquedo. Com ela nos pés ou nas mãos, qualquer ser humano é capaz de usufruir do prazer, alegria e entusiasmo por conseguir dominá-la. É capaz de unir nações, falar todos os idiomas e fazer o universo se voltar para ela, debaixo de todos os holofotes.

Leandro Gomes das Neves é um garoto de corpo franzino que costuma arrancar olhares curiosos quando está com a bola nos pés. É a paixão de garoto, é o que ele mais gosta de fazer quando não está na escola, ou em casa com a família. A bola para ele é diversão, brinquedo e até instrumento de navegação. Quando quer embalar seus sonhos para a vida profissional, é pela bola que ele imagina o quer ser. Como todo menino apaixonado por futebol, Leandro quer ser jogador profissional.

A vida simples no conjunto Pe. Zé Marques, entre os bairros Cajueiro e João Paulo II, com a mãe e outros quatro irmãos não tira do garoto a capacidade de sonhar. Antônia Lucivânia Gomes, 40, mãe de Leandro, é uma mulher simples. Além dele, ela tem outros cinco filhos. Dos seis que nasceram, cinco moram com ela, entre eles, Leandro. “A senhora já foi vê-lo jogando?”, perguntou o repórter. Ela respondeu que sim, que já ouviu falar do talento individual do filho com a bola e que com frequência sempre chega alguém na casa dela convidando o garoto para jogar em algum lugar. Leandro é orgulho para a avó Risalva, que disse já saber de sua paixão pela bola e seu talento no futebol, desde pequenininho.

Leandro está cursando o 9º ano do ensino fundamental II. Estuda no CAIC do João Paulo, onde funciona uma escola da rede municipal. Agora, por causa da pandemia a escola está sem aulas presenciais. Ele contou que sente falta da convivência diária com os amigos, mas por enquanto o jeito é se adaptar ao formato estabelecido pela Secretaria de Educação. Em dias alternados, ele recebe as atividades para o cumprimento das tarefas.

Habilidade

No bairro onde mora, talvez o lugar que tem mais marcas dos pés de Leandro é um campinho de chão batido próximo a 50 metros de sua casa. É ali, nos fins de tarde, onde ele mostra seu talento com a bola. A brincadeira é com uma velha bola surrada levada por outro menino, Yure, de 10 anos, também habilidoso com o a ‘redondinha’. Outros garotos que compartilham das ‘peladas’ de fim de tarde com Leandro concordam que ele é diferenciado. Roberlândio, Mateus, Walderlan e pelo menos um time inteiro de garotos da faixa etária dele compartilha da mesma ideia. Leonardo, 18, o irmão mais velho, admite que ‘Lelé’, o apelido carinhoso que ganhou em casa, tem muito talento com a bola.

Com a bola nos pés, Leandro vai fazendo fila. É um canhoto estiloso. Dribla com facilidade quem tenta tirar a ‘gorduchinha’ de seu domínio. A bola parece grudar nos pés dele, pedindo para ser levada, conduzida, cuidada. Leandro também é habilidoso em compartilhar jogadas, dar os passes certos e se colocar no lugar exato onde a bola vai chegar para ele marcar. Ele já conhece as quatro linhas, como se fosse um jogador adulto. Sua estatura relativamente alta para sua faixa etária e seu porte de corpo magro são importantes aliados na hora de se deslocar e se posicionar. É um menino que passa mais tempo com a bola nos pés, também porque ele em geral participa de todas as jogadas das inesquecíveis peladas.

Numa brincadeira de ‘cascudinho’, leva os ‘cocorotes’ da galera quem marca menos gols. Geralmente todos chutam para as mesmas traves com um goleiro. Leandro nunca fica por último. Como na brincadeira vai saindo quem marca a quantidade de gols estipulada (dois ou três), ele é um dos primeiros a deixar as quatro linhas imaginárias com campinho de terra.

Carências

Os garotos que correm atrás da bola ali nos fins de tarde, cada um tem seus desejos individuais, seus passos a caminhar, suas vidas a prosseguir, mas todos eles têm um sonho em comum: ser jogador de futebol, virar estrela e brilhar nos campos do Brasil ou do mundo afora.

Eles são só crianças, pré-adolescentes, embalados por uma paixão mundial e carregados de sonhos. O bairro é carente, a iluminação é precária e os equipamentos de esportes são inexistentes. Grande parte da população está desempregada e faz ‘bicos’ para sobreviver. Os meninos jogam descalços, não têm tênis, nem chuteiras, nem coletes. As bolas, em geral, são levadas por eles mesmos, quando algum deles ganha ou se cotizam para comprar.

Não é proibido sonhar que ali tivesse uma ‘areninha’, que essas crianças fossem assistidas por algum programa municipal de incentivo à paixão deles, o futebol, que tivesse uma miniginásio, uma quadra de voleibol, futebol soçaite, pista de atletismo, qualquer coisa, que fosse o complemento de seus lindos sonhos de um futuro melhor para eles e suas famílias.

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