Ao confinar a todos em uma quarentena forçada – que acaba de ser prorrogada até maio – e praticamente fechar a economia do país, a Itália acabou por expor histórias de brasileiros que convivem em meio ao surto que vem resultando diariamente em centenas de mortes. Um desses que passam pela quarentena no país europeu é o padre Samuel Cavalcante, religioso da diocese de Iguatu.
Natural de Mombaça, o sacerdote reside em Roma há cinco anos onde finaliza seu doutorado acadêmico. Com atuação como pároco em municípios como Cariús e Jucás, ele disse que não pensou em nenhum momento regressar ao estado do Ceará. “Não passou pela cabeça voltar ao Ceará, hoje é quase impossível sair do país. Mas acredito que vamos superar tudo isso. O fato nos deixará ensinamentos”, pontuou.
As autoridades italianas afirmaram que o número diário de mortes na quinta-feira foi de 969; o total chegou a 9.134. Ao menos 86.498 pessoas contraíram o vírus Sars-Cov-2 no país, 5.959 casos a mais do que na quarta-feira, 25, um crescimento de 7,4%. Em um balanço divulgado nesta sexta-feira, 26, as autoridades de saúde contabilizaram também um total de 26.029 pacientes hospitalizados, 3.732 estão em terapia intensiva, enquanto 36.653 estão em isolamento domiciliar.
Realidade cruel
Pe. Samuel viu de perto o início do surto no país. “Até eu subestimei a gripe, mas me deparei com a realidade de centenas de mortes. Não seja um arrogante com esses, faça sacrifícios. Deus providencia o que é essencial”, orientou.
Diariamente o padre vem usando suas redes sociais no intuito de alertar seus amigos e familiares conversando com sua rede de contatos por meio de vídeos e transmissões ao vivo, momento em que interage de maneira direta. “Vivo na Itália uma realidade difícil de se ver. Me dirijo aos brasileiros e afirmo é uma realidade dura. A Itália é um país de primeiro mundo, muito mais desenvolvido em relação ao Brasil, mas hoje vive um caos no seu sistema de saúde”, disse.
Em um dos vídeos o religioso disse acreditar que o brasileiro ainda não entende a real verdadeira situação. “Acho que as pessoas ainda não caíram “na real”, e não imaginam que o coronavírus é uma realidade cruel, muitos não devem brincar. Isso vai atingir muitas pessoas, ele facilmente se espalha e encontra espaços para atingir a muitos”, afirmou.
Isolamento é a solução
Há 25 dias sem sair de casa ele orienta que os brasileiros sigam as recomendações médicas. “Não recebam visitas e não façam visitas. Há vários dias que não saio de casa, e faço esse esforço para o bem das pessoas que vivem comigo. Não seja o responsável pela morte dos seus entes queridos. Muitos jovens estão levando os vírus para dentro de casa. Cuidar é ficar em casa e evitar algo terrível. Rezem em suas casas e respeitem suas famílias, amem os seus. Não existe remédio ou solução que não o isolamento”, acredita.
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