Interdisciplinaridade. Esta é uma daquelas palavras que simplesmente nada dizem. Modismo deplorável, muito ao gosto dos néscios da Academia. Aos quatro ventos repetem-na, qual se de Minerva fosse a égide do puro saber. Embuste, puro logro. Interdisciplinaridade não é nada. Ou melhor, é o seguro esconderijo dos que não estudam, não têm real sapiência.
Sábios romanos diziam: multum, non multa.Muito nos dediquemos a um só estudo; não a muitos. E Horácio: spatio brevi longam spem reseces.Corta a longa esperança para um breve tempo. Como querem estes modernos pseudossábios conhecer e dominar várias disciplinas e ciências? Impossível. Devemos, cauto leitor, esforçarmo-nos para alcançar a excelência em uma, no máximo duas áreas do conhecimento. A vida é breve para mais. Mas a estupidez é longa para a interdisciplinaridade.
Melhor chamemos Interlacunar o professor interdisciplinar. Pleno de lacunas e vazios. Carente de domínios e seguranças. Remédio, panaceia vulgar para todos os males. Sem os curar. Balaio indistinto para gatos de toda espécie. Eis a tal interdisciplinaridade.
Diz ainda o prisco e austero latim: timeo hominem unius libri.Eu temo o homem de um só livro. Sentença profunda, porém mal lida e traduzida. Primeiro, não quer dizer sectarismo, limitação a poucas leituras. Quer dizer-nos profundidade, domínio pleno de conteúdo em determinada ciência. Ao invés das superficialidades ditas interdisciplinares. Segundo, o verbo timeo (timere), deve ser entendido como respeito e reverência ao verus sapiens, ao sábio verdadeiro, o que tem segurança ex corde et memoria,no coração e na memória de tudo o que estudou longa e profundamente. Não ficou, doidivanas, a vagar de ciência em ciência fatuamente.
Mas é fácil, deveras fácil, ser um professor interdisciplinar. É pôr os alunos bem atentos, dispostos na sala de aula a olharem para a parede, para a projeção visual de um ridículo data-show. Todos juntos, alunos e professor, quais bichos ensinados, a lerem automaticamente. Mais se parecem com salas de cinema as salas que deveriam ser de aula. Aula de verdade é outra coisa. Sapiência verdadeira é cousa séria. E por certo passa muito longe da Interdisciplinaridade!
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