O Circo Show do palhaço Risadinha existe há mais de 40 anos, inicialmente era Circo Riso da Mocidade, quando pertencia ao pai dele (palhaço Melosinho). A partir de 1980, virou Dallas Circo. E por volta de 2006 passou a ter esse nome atual, quando passou a ser comandado pelo palhaço Risadinha.
Ao longo desse tempo, o circo itinerante, mesmo com todas dificuldades, nunca tinha parado, mas foi obrigado a suspender as atividades há cerca de dois anos, por conta da pandemia da Covid-19. Foram momentos difíceis. A retomada está sendo feita. O circo passou a visitar as praças. “A gente teve que parar tudo. Espetáculo pronto, tudo organizado para a gente se apresentar à noite, mas a polícia foi até a gente e disse que não poderia ter mais apresentação para o público. Foi um baque! Mas fazer o quê? Se tudo parou”, relembrou Cícero Lima da Silva, 62, palhaço Risadinha.
O artista lamentou que nesse período chegou a vender tudo. “Ficamos apenas com um trailer. Graças ao edital da Funarte, voltado para circos, conseguimos uma casa nova. Lona, cadeiras, iluminação, o básico para retomar. Ao longo desses meus 62 anos de vida, nunca tinha passado por isso. Mas, é a vida. Isso aqui é nossa casa, nossa vida. Nossa alegria. Eu que nasci e me criei a vida toda debaixo das empanadas de circo, sou feliz e muito grato a Deus”, ressaltou o artista, que ainda se recupera de depressão.
Dificuldades
Não só a estrutura se foi com a pandemia, mas também outros integrantes do circo. As lágrimas escorrem no rosto do palhaço, quando lembra do filho Matheus Silva, que teve que sair do circo com a família por conta da pandemia. “Matheus atualmente mora com a família dele, esposa e filhos. Teve que sair do circo. É uma grande saudade porque além de pai, ele é meu amigo, parceiro de tocar nosso circo. Infelizmente, eu não tenho condições financeiras de ter ele com a gente. Mas, espero logo em breve a gente conseguir comprar um trailer pra família dele. Ele volta pra perto da gente”, comentou com saudades do filho.
O espetáculo teve que ser bem reduzido, malabares, bailarinas, equilibristas, apresentação de Pérola, uma cachorrinha adestrada que gosta de dançar e os palhaços. “Atualmente são cinco pessoas que moram no circo. Eu e Aldeane, minha esposa, meu irmão João Bosco, o palhaço Linguiça e a esposa dele Janne Kelly. Mas, conseguimos fazer nosso espetáculo. Graças a Deus, o público tem gostado. Somos um circo tradicional, sem palavrões, circo da família. E assim vamos circulando com nossas apresentações”.
Risadinha pertence à quinta geração de sua família circense, ele tem 62 anos e herdou essa linguagem cultural dos seus pais, avós e antepassados. Dos seis filhos, apenas Matheus passou a compor a sexta geração de artistas de picadeiro. “Tem um filho que faleceu, tem uma que é médica, e os outros seguem suas vidas, com suas famílias, mas fora do circo. Além dos meus irmãos, que também seguiram a vida com suas próprias companhias circenses. Só João, que passou a me acompanhar, mora com a gente e assim vamos sobrevivendo dessa arte”, disse.
Atualmente o Circo do Palhaço Risadinha está na cidade de Jucás, no bairro Sagrada Família, (Alto do Tó), na periferia da cidade. “Já tive companhias grandes. Estamos retomando, graças a essa força que recebemos do edital. Vamos seguindo a vida, levando alegria, muito humor, diversão e arte para as pessoas”, ressaltou.
Companheira
Há cerca de seis anos, o palhaço, que antes vivia só, ganhou uma companheira. Aldeane Silva teve o coração ‘roubado’ pelo palhaço Risadinha. “Interessante, que eu lembro dele quando ainda era criança, eu que nasci em Jucás, eles estavam por aqui. Era um circo de lona laranja com branco. Na época entrei escondida para assistir ao espetáculo. E fiquei encantada com aquele mundo, de alegria. Com o passar do tempo, não lembrava mais dessa história. Quando estava morando em Farias Brito, esse circo chegou lá. Fui assistir e me apaixonei pelo palhaço Risadinha, não pelo Cícero. É tanto que não o conhecia, quando estava sem roupa de palhaço. Desde então, tomei um rumo na minha vida e passei a seguir o circo. Muitos me criticam, deixei família, casa, conforto para morar no circo. Eu acho que nas minhas veias meu sangue é de circo. Aqui me sinto em casa. Gosto dessa vida. Conhecer pessoas, viajar por aí. Não é só alegria, para quem pensa, porque é dessa arte que tiramos nosso sustento. Tem dias que vem poucas pessoas, no outro há um público melhor e assim vamos levando. O retorno das atividades é difícil, mas vamos com espetáculos renovados, preservando a cultura popular circense”, complementou Aldeane Silva.
Para acompanhar e conhecer mais sobre o circo do palhaço Risadinha pelas redes sociais, é só seguir @circodopalhaçorisadinha. “Eu tenho orgulho. Sou feliz em ter nascido e me criado no circo. Ver as pessoas rindo, aplaudindo nosso trabalho, é a coisa mais gratificante nessa arte. Mesmo que para algumas pessoas isso não seja arte, cultura. Mas, o que tenho a dizer é agradecer. Viva o circo!”, finalizou o artista.
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