Os últimos anos seguidos de seca fizeram com que criadores de animais buscassem alternativas para manter os rebanhos. A palma forrageira tem se destacado e ganhado cada vez mais áreas de plantio em Iguatu, como uma opção de alimentação para os bichos.
“Agora a gente vê mais áreas plantadas com palma em várias regiões de Iguatu, mas antes muitas pessoas tinham receio de cultivar a palma. Isso vem mudando”, aponta o agropecuarista José Cristovam Filho, que passou a cultivar palma como forragem para os animais em 2014, motivado justamente pela necessidade de alimentar os animais. “A gente conheceu a palma como nova opção alimentar, vi que era viável e despertei a necessidade de plantar. Primeiro comprei de terceiros para poder alimentar os animais porque na época estava muito difícil. Em 2014 foi muito seco. Daí descobri que é muito boa. A gente investiu no começo sem conhecer a cultura, não tinha informação. Hoje já temos bem mais vantagens em relação ao conhecimento da cultura da palma”, ressalta.
De manejo simples, a palma não requer muitos cuidados desde que sejam seguidas as orientações técnicas. Um dos sistemas de plantio, o adensado, proporciona maior rendimento e pode ser cultivada palma em pequenas áreas. Com o passar dos tempos, o uso de tecnologias e melhoramento das plantas têm surgido palmas mais resistentes às pragas entre as principais a cochonilha de escama e a cochonilha do carmim. “Mas as duas são tratáveis. Hoje já tem palma resistente à cochonilha do carmim, que é a mais perigosa. Isso tudo facilita o manejo”, aponta o agropecuarista que se tornou um grande conhecedor dessa cultura, ressaltando que a palma já foi comprovada através de pesquisas e estudos técnicos que tem 80% da energia, quando compara ao milho. “Mesmo assim a gente trabalha a palma, não substituindo o volumoso, mas sim junta na base alimentar com o volumoso”.
Hora de Plantar
A palma é um alimento muito digestivo, “é um suco polivitamínico, não é só água em si, como a gente costumou a aprender. Os nutrientes da palma vão tudo na gelatina que ela contém, que vai concentrar justamente essa alta parte da energia. A palma contém pouca fibra, a gente precisa de um volumoso fibroso para junto ser bem mais aproveitada pela alimentação do animal”, explica.
A palma forrageira faz parte do programa do governo cearense Hora de Plantar, isso facilita a aquisição pelo produtor. “A palma é um produto que a gente planta em pequenas quantidades em pequenas áreas. Talvez 90% da palma hoje plantada aqui no Ceará é adquirida pelo programa do governo. O governo tem interesse que os produtores plantem a palma, principalmente por ser uma cultura que pega pouca água, é altamente resistente e altamente produtiva. Mesmo com o estado distribuindo milho, servindo de base alimentar e fonte energética, o governo descobriu que é muito mais fácil lidar com a cultura da palma do que mesmo com a cultura do milho. Porque quem planta milho de sequeiro muitas vezes perde por falta de chuva, porque a estação chuvosa é muito curta. E a palma com pouca água o produtor tem a garantia da safra é uma cultura de muitos anos, de muitos ciclos, um palmal se bem feito o manejo e cuidado, sobrevive 20, 30 anos”, ressalta o produtor afirmando que é fácil vender a sobra como volumoso, “tem quem compre”.
Resistência
Mesmo no segundo semestre, período mais quente do ano, a palma se desenvolve. “Ela é muito resistente. Isso facilita demais o pequeno produtor ter um banco alimentar renovado. Mesmo que não tenha um sistema de irrigação, ele consegue tirar e a palma vai continuar produzindo, mesmo no período seco”. Com o programa do governo, o Ceará se tornou um dos estados do país entre os maiores produtores. “Hoje a gente escutar falar em produção por hectares. Com 600 toneladas de palma por hectare em um ano, a gente sabe que são experimentos e nada é empecilho para que o pequeno também faça esses experimentos e colher também”, concluiu.
Através da parceria com o Governo do Estado e EMATERCE, a Secretaria do Desenvolvimento Agrário de Iguatu distribui raquetes de palma forrageira. Nos últimos quatro anos já foram distribuídos mais de meio milhão de raquetes. “Somente neste ano já foram 80 mil raquetes de palma para pequenos agricultores familiares do nosso município. A palma forrageira atualmente já faz parte da dieta do rebanho animal”, declara Venâncio Vieira, secretário do Desenvolvimento Agrário de Iguatu.
Maniva
Além da palma forrageira o município em parceria com o Governo do Estado iniciou também a distribuição de maniva de mandioca, com o objetivo de produzir ração animal, além da palma. “Inicialmente já distribuímos 80 metros cúbicos de maniva. Estamos também partindo para esse incentivar essa nova cultura para fortalecer e melhorar a alimentação dos nossos criadores”, disse Venâncio Vieira.
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