O que ninguém imaginava, mas que já aconteceu, é que o novo coronavírus também está mudando as regras, até nos sepultamentos nos dois cemitérios de Iguatu. Antes, a família do falecido, ou falecida, podia demorar o tempo que quisesse antes de sepultar o ente querido. Agora, independente de quem seja o féretro, o sepultamento tem que acontecer em no máximo uma hora. Para fazer o sepultamento, os operários dos cemitérios têm que usar os EPIS-Equipamentos de Proteção Individual. As pessoas presentes têm que manter distância da urna funerária e umas das outras de pelo menos 1,5 metro.
A empresa Ômega Construções, responsável pela a administração dos dois cemitérios Senhora Santana e Parque da Saudade, está respeitando as normas contidas nos decretos de governos, que determinam isolamento social e prevenção contra aglomerações. As normas são válidas para todos os tipos de sepultamentos, não somente para quem morre vítima do coronavírus.
João Alves do Carmo, 58, um dos funcionários da empresa Ômega Construções, relatou que a norma tem que ser obedecida, para evitar as aglomerações, consequentemente a contaminação pelo novo coronavírus. “Assim que chega a família já sabe, que pelas novas regras tem que sepultar logo”, disse João Coveiro, como é conhecido, na profissão há 37 anos. João Coveiro, para quem ainda não sabe, foi aluno de José André da Silva, 78, ‘Zé Coveiro’, que hoje está aposentado, após ter trabalhado por 54 anos como coveiro no cemitério de Senhora Santana. Zé Coveiro saiu do cemitério, mas o cemitério não saiu dele. É sua a tarefa diária de abrir e fechar as portas do local.
Quando a reportagem esteve no cemitério para levantar as informações da matéria, Zé Coveiro estava lá. Com 54 anos de sua vida dedicados àquele setor de Iguatu, é difícil imaginar que ele possa se desligar de forma abrupta dali. “Além de abrir e fechar, gosto de vir sempre aqui no restante do dia, conversar com os meninos, saber das novidades, como as coisas estão indo”, disse o velho coveiro.
Ministério da Saúde
No Brasil, o Governo Federal definiu no final de março um protocolo para o “manejo de corpos no contexto do novo coronavírus”. O documento diz que os velórios e funerais de pacientes confirmados ou suspeitos de infecção pelo novo vírus “não são recomendados devido à aglomeração de pessoas em ambientes fechados”. “Nesse caso, o risco de transmissão também está associado ao contato entre familiares e amigos. Essa recomendação deverá ser observada durante os períodos com indicação de isolamento social e quarentena”, diz o guia publicado pelo Ministério da Saúde.
No caso dos sepultamentos, eles devem ocorrer com no máximo dez pessoas, respeitando uma distância de dois metros entre elas. Os caixões precisam ser lacrados. O governo também orienta a não realização da necropsia, exame médico que determina o momento e a causa da morte. Em 31 de março, o Ministério da Saúde e o Conselho Nacional de Justiça publicaram uma portaria conjunta autorizando o sepultamento e a cremação de corpos antes da emissão das certidões de óbito. Os profissionais dos serviços funerários com mais de 60 anos ou portadores de outras doenças, que estão no grupo de risco, devem ficar afastados do manejo de corpos de casos confirmados ou suspeitos, segundo o Governo Federal.
0 comentários