A pandemia do novo coronavírus continua fazendo mudanças na realidade das pessoas e também da história e costumes. Pela primeira vez não vai acontecer a tradicional procissão em homenagem a Jesus Crucificado. A imagem bicentenária será exposta para visitação do dia primeiro de janeiro ao dia 06, no santuário. Foi uma decisão difícil, tomada em comum acordo não só pela igreja, mas com autoridades ligadas ao setor da saúde de Icó, isso por conta da pandemia. Até mesmo o novenário que teve início da terça-feira, 22, está sendo realizado de forma restrita e campal.
“Isolamos uma área na frente do santuário, colocamos cadeiras espaçadas justamente para evitar a aproximação das pessoas. Estamos tomando todos os cuidados necessários conforme é recomendando pelas autoridades de saúde do nosso município”, explicou Frei Cassiano Barbosa, reitor do Santuário do Senhor do Bonfim e pároco da igreja matriz de Icó.
Até mesmo a abertura aconteceu de modo diferente ao invés da tradicional carreata com a imagem do santo. Moradores receberam a bênção no estilo ‘drive thru’, passaram de carro e moto na frente do santuário, no largo do Theberge, no Centro Histórico, e foram aspergidos com água benta. A comemoração religiosa prossegue até o dia seis de janeiro. A festa dedicada ao Senhor do Bonfim este ano completa 271 anos. Anualmente, a tradicional procissão com a imagem de Jesus Crucificado, que acontece no dia primeiro de janeiro e reúne mais de vinte mil pessoas, pela primeira vez na história não irá acontecer por conta da pandemia do novo coronavírus. Mas a imagem ficará exposta para visitação.
Fato curioso
“É um fato curioso e interessante, porque desde quando essa imagem, que veio de Portugal, chegou aqui, sempre participou do encerramento da festa com a tradicional procissão. Mas este ano isso não irá acontecer. Entendemos bem o motivo. Mas vale lembrar que outro fato curioso é que a imagem tradicionalmente só é retirada do altar mor em ocasiões de extrema necessidade, além desse período da festa. É uma arte sacra bastante valiosa, feita em madeira. É forte símbolo da nossa religiosidade. É tanto que lembro de acordo com relatos históricos que ela somente foi retirada poucas vezes, isso por conta de uma pandemia de cólera, e também de uma forte enchente que atingiu nossa cidade. Este ano, no final de março, justamente por conta dessa pandemia”, ressaltou o escritor e historiador Luan Sarmento.
Os fiéis que visitam o espaço, acostumados com a grande festa religiosa, lamentam, mas compreendem que medidas de segurança sanitárias são necessárias nesse momento. “É nossa realidade, mas é uma grande pena este ano a gente não poder participar desse tradicional novenário para nossa cidade. É uma festa muito bonita. Mas se Deus quiser ano que vem poderemos estar participando dessa festa como de costume”, lamentou o comerciante Franco Barreto.
De acordo com a tradição, a imagem de Senhor do Bonfim só é retirada do altar no dia primeiro de janeiro e recolocada no dia seis, quando encerra o festejo.
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