A grande, a verdadeira poesia pode nos salvar do desespero. O poeta francês Paul Claudel sempre falou sobre os Santos, sobre Deus. Êmulo do Simbolismo, seus versos são um calmo regato de paz para a alma. Traduzimos para o leitor, atentos que somos ao Spritus Natalis Diei, uma décima do bardo em apreço. São octossílabos rimados, os quais mantivemos no nosso vernáculo. Foram escritos em 1939, ano terrível do início da Grande Guerra. A leitura da poetisa simbolista norte-americana Emily Dickinson parece ter inspirado o autor, uma vez este escreveu depois do título d’après Emily Dickinson. Infelizmente não sabemos que poema da poetisa foi lido especificamente por Claudel. Felix Natalis Dies, Lector!
Correspondances
C’est la soif qui a produit l’eau
La mer convoque ses rivages
Vois le ciel crépiter là-haut
De mille systèmes sauvages
Mon âme pour qu’on la voie
Vos deux yeux étaient nécessaires
Votre âme pour que j’y sois
Mon absence était nécessaire
Le vase a appelé l’eau
E la neige le corbeau.
Correspondências
A água a sede produziu
E a praia dos mares surgiu.
Mil selvagens constelações,
Crepita o céu em clarões.
Vossos olhos foram a estrada
À minh’alma nessa jornada;
Voss’alma pela qual anseio
Em minha ausência foi esteio.
Num vaso sonha a água, leve,
Tal qual um corvo pela neve.
Professor Doutor Everton Alencar
Professor de Latim da Universidade Estadual do Ceará (UECE-FECLI)
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