Skakespeare
Ao nosso conspícuo leitor trazemos, praticamente o exumamos, um poeta olvidado português. Viveu na segunda metade do século XVIII, estudou algum tempo em Coimbra, frequentou algumas das dezenas de Academias e Arcádias que a vida literária da época oferecia. São pouquíssimos os dados biográficos sobre ele. Conhecemos apenas o seu pseudônimo árcade Querulus Umbranus. Em outras edições de nossa Coluna, oportuno tempore, traremos outras informações sobre tal enigmático bardo. Por ora, uma de suas odes.
ODE VII
Zelosos servos, os Deuses temamos;
Viver é nobre esmola.
Fragrância que se evola…
Calemos e fiquemos onde estamos.
Longo ou curto de Láquesis (1) é o fio?
A tempo não sabemos;
Apenas naveguemos,
Sem saber quantas curvas tem o rio.
Na ávida ou preguiçosa mão do Fado,
Quanto do nosso Vinho foi tomado?
De tudo é o Senhor
Saturno, o Ceifador! (2)
O Hades, nosso abrigo derradeiro;
Sonhos e preces. Tudo o que temos.
Sombras à espera do Último Barqueiro
Apenas esperemos.
NOTAS:
- Láquesis é uma das três Parcas, as detentoras do nosso destino. Ela segura o fio de nossa vida. Cloto é a que fia; Átropos é a que corta o fio no momento da morte.
- Saturno personifica o tempo, o ceifador de tudo e de todos.
- O último barqueiro é Caronte, a quem devemos entregar o óbolo para sermos transportados para a outra margem, depois da morte, no rio infernal.
Professor Doutor Everton Alencar
Professor de Latim da Universidade Estadual do Ceará (UECE-FECLI)
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