Pedreiro monta borracharia em Kombi para fugir do aluguel

29/05/2021

A pandemia está levando as pessoas para vários lugares. A crise que assola o mundo não é só sanitária, é socioeconômica, política e humanitária também. O desemprego, a fome, a miséria batem à porta. Cada cidadão tenta sobreviver como pode.

Nesse contexto, a edição de hoje do A Praça traz a história do borracheiro Francisco Neri Batista da Silva, 53. Um filho de Iguatu por adoção. Ele que aqui aportou e ficou, nasceu em Jucás, mas tem Iguatu como sua terra natal também.

Neri Batista, como é conhecido, mora com o filho e um neto num dos apartamentos do condomínio popular Dom José Mauro, na região próxima ao distrito de Gadelha. Desde que as casas do condomínio foram entregues, ele está instalado no apartamento 204 do bloco 08. Neri demonstra estar feliz e realizado. Ele mesmo é quem cuida do seu aconchegante ‘ap’ de dois quartos, cozinha, banheiro e sala conjugada. “Estou bem instalado aqui. Gosto do lugar. Aqui eu trabalho e moro”.

Para sobreviver com a família, Neri montou uma borracharia dentro de uma Kombi, que ele adaptou a uma oficina de conserto de pneus. A Kombi fica estacionada próximo à calçada do bloco 08, onde ele mora. A ideia de adaptar o único veículo a uma ferramenta de trabalho foi dele mesmo. Foi a única maneira encontrada pelo borracheiro para fugir do aluguel, já que se fosse montar a oficina num prédio teria que arcar com um gasto extra e o momento é de ‘apertar o cinto e economizar’.

No momento o mecânico luta para conseguir doações para construir uma estrutura melhor para acomodar a Kombi-borracharia, uma espécie de garagem com quatro colunas e uma coberta, de modo que o veículo fique debaixo e possa sair para atender solicitações de serviços, inclusive fora do condomínio. Onde a Kombi está atualmente, o único recurso que Neri conseguiu foi colocar uma puxada usando papelão, pedaços de madeira e lona, para proteger o veículo do sol. Isso impede mover o carro do lugar.

Grande feito

A Kombi-borracharia é a única fonte de renda do borracheiro. Neri disse que há dias em que os serviços aparecem e consegue ganhar alguma coisa, mas em outros não aparece nenhum, mesmo assim não reclama, está feliz, pois com a montagem da borracharia no próprio carro, admite que trabalhar para ele mesmo, tendo seu próprio negócio, mesmo que seja uma borracharia dentro de um carro já é um grande feito. “O que vier está valendo. O que não vier a gente agradece. O importante foi começar”, disse.

Neri relatou que trabalhou muito na construção civil. Durante alguns anos prestou serviços para as empresas do saudoso Edvane Matias, mas foi com o sogro com quem aprendeu o ofício de reparar pneus. Agora, em tempo de pandemia, como estava desempregado e sem recursos para alugar um prédio onde pudesse colocar as ferramentas, Neri resolveu do seu jeito. Montou a borracharia e transformou a Kombi 2004 em seu escritório, funcionando dentro do próprio condomínio, das 6h às 19h.

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