Pequenos Negócios conectados ao ‘novo normal’

18/07/2020

Enquanto o Mundo se prepara para se reinventar, pós-crise pandêmica, os pequenos negócios lutam para se firmar. Neste grupo estão os empreendimentos que esperneiam para se manter vivos, e os que surgiram no meio da crise. Independente de quem começou primeiro, agora todos estão em pé de igualdade. A situação do cenário econômico para micro, médios ou grandes investidores é semelhante ao dono da crise: o coronavírus. Para ele, não há distinção de classe, cor, raça, status social, nível intelectual ou conta bancária. O ataque é iminente, quem tiver com melhor sistema de defesa e souber usar as ferramentas certas, tem mais chances.

Neste patamar socioeconômico atual, é prudente que todos estejam convictos de que nada mais será como antes. Mudanças estão ocorrendo à nossa volta. A cada volta do relógio, no ponteiro, ou no digital dos segundos, uma mudança acontece.

Mudanças de pensamentos, ideia, inovações, comportamentos, ideia, cultura, política. Quem não se adaptar ao ‘novo normal’ ficará para trás.

Como em toda crise econômica mundial, empresas vão se diluir, marcas vão desaparecer, corporações vão sumir.

Agora, mais do que nunca, continua valendo uma regra simples da relação cliente/negócio. As empresas, empreendimentos, negócios, empresários precisam continuar tentando saber o que o seu cliente quer, afinal, é ele quem decide pela venda.

Perfis

Na série de reportagens do A Praça que chega à 10ª semana, com 10 cadernos publicados e mais de 30 empreendimentos abordados, há diferentes perfis de empreendedores. E cada um está tentando fazer de um jeito diferente. Mesmo que sejam concorrentes entre sim, mas os pequenos empreendedores se diferenciam naquilo que conseguem inovar.

Podemos ter dois empreendimentos que lidam com a confecção e venda de bolos, mas ambos têm itens, opções, sabor, preço, serviço diferentes e é isso que o mercado absorve e faz atrair a clientela, esta, totalmente antenada com este novo mundo.

O leitor acompanha nesta edição as histórias de duas mulheres empreendedoras: Driely e Priscila. Talvez elas não se conheçam pela página do jornal, mas se reconhecerão pelo talento, criatividade, esforço e dedicação, a um embrião de negócio que surgiu antes, durante a pandemia, que vem se moldando, com o trabalho delas, fazendo a diferença no atendimento ao público consumidor de seus produtos, os doces, confeitos, pães decorados e bolos especiais.

Num cenário pandêmico quando tudo está se renovando, mulheres do perfil de Priscila e Driely se assemelham a um animal, uma fêmea, numa selva africana, que defende seus filhotes no mais hostil dos ambientes da natureza. A luta contra os predadores, as intempéries climáticas, a sobrevivência, a busca pelo alimento, a caça. Mas elas também são mulheres que alimentam sonhos, que se buscam, aprendem, ensinam e se realizam à medida que conseguem dar um novo passo no dia-a-dia de seus empreendimentos.

Adocica

O nome Adocica que Driely Barbosa deu ao seu pequeno empreendimento é o mesmo de uma música do cantor e compositor paraense, radicado no Ceará, Beto Barbosa. Sucesso que explodiu nos anos 90, no auge ainda do ritmo alucinante da lambada, a letra composta pelo próprio Beto Barbosa faz lembrar no refrão a ‘vida adocicada’, por um amor especial: “… Adocica, meu amor, adocica, adocica, meu amor, a minha vida, oi!”.

Amor é um dos ingredientes que Driely usa no seu pequeno negócio e como ela mesma afirma, o objetivo, “adocicar a vida das pessoas”. No sentido adocicado, o amor da canção de Barbosa e os doces produzidos pela Driely têm o mesmo significado: deixar a vida mais leve, lúdica, doce. E não por acaso, ela produz os doces mais desejados. Cada um com um nome específico. Cone trufado, bolo cenoura com chocolate. Driely disse que descobriu as habilidades para os confeitos quando pensou em agradar o paladar dos amigos com algumas guloseimas. “Comecei a fazer biscoitos amanteigados para vender, depois fiz um bolo de chocolate para teste, alguns amigos provaram e me incentivaram a criar mais coisas”, frisou.

A relação com a doceria começou dois anos atrás, quando ela abdicou do emprego formal num escritório de contabilidade no Centro. Até ali Driely achava que sua carreira estaria restrita aos serviços burocráticos das ciências contábeis. “Confesso que a confeitaria nem de longe era meu sonho de carreira, afinal sempre trabalhei no comércio na área burocrática das empresas, e achava que ali estava meu futuro”, disse. Mas tudo mudaria na rotina da família quando Driely soube que estava grávida e a pequena Alice estava a caminho.

Na época ela estava voltada para ajudar o esposo Wagner na hamburgueria ‘Caseiro Burguer’ montada em casa. A hamburgueria já funcionava há algum tempo, mas foi quando uma crise financeira se abateu sobre o orçamento de casa que ela percebeu a grande necessidade de se reinventar e criar outra fonte de renda para reforçar o orçamento de casa. Desde então vem inovando, criando receitas, renovando em sabores, elaborando misturas doces.

Antes da pandemia

O empreendimento Adocica começou antes da pandemia chegar. Mas, inegavelmente, a crise sanitária tem lá suas influências sobre o pequeno negócio. Com a paralisação do comércio, e com as pessoas com mais tempo em casa, Driely percebeu que aumentou significativamente as vendas. “Contei com a ajuda de alguns amigos influentes que me ajudaram a alavancar as vendas, fico feliz com o reconhecimento e apoio dos meus clientes, alguns até fiéis”, lembrou.

A empreendedora trabalha sozinha no pequeno negócio e precisa se desdobrar para produzir e cuidar da pequena Alice. Sua meta é futuramente contratar alguém para ampliar a produção e conseguir atender mais clientes. Ela, a exemplo de outras empreendedoras de mesmo perfil, usa a estrutura de casa, a própria cozinha adaptada, na Rua Itacy Rodovalho Alencar Número, 71, bairro Filadélfia, para produzir seus bolos.

Driely usa as redes sociais para divulgar e vender os produtos, pelo Instagram, Facebook e WhatsApp. Um profissional faz as entregas em horários determinados. Fora disso, Driely se reveza com o esposo para fazer os doces chegarem até os endereços dos clientes. E o próximo passo é formalizar, “conforme sejam os planos de Deus”, afirma ela.

Driely, 34 anos, esposa, mãe, batalhadora. Mulher empreendedora que não se deixa vencer pelos obstáculos. Ao lado do esposo Wagner, que com sua experiência de mercado lidando com alimentos prontos, proteínas e massas, os dois vão se encontrando e superando cada dificuldade, sempre de olho no mercado que se renova a cada minuto.

Serviço
Instagram: @adocicadoceriaart
Whatsapp: 88. 9.9713-6477

Pry Bolos

As pessoas que estão empreendendo na área da gastronomia, antes de lançar seus pequenos negócios, tiveram experiências exitosas em casa, com a família, ou com os amigos. Elas fizeram experimentos com pratos doces e salgados e foi a partir daí, incentivados por seus pares, que se lançaram no universo culinário. Misturando sabores e usando a criatividade, estão conseguindo vencer os obstáculos, buscando alternativas para superar os percalços e se realizar profissionalmente. Mais do que isso, gerar trabalho e renda.

Carla Priscila, 28, é uma dessas profissionais. Atualmente comanda o pequeno negócio Pry Bolos, em sua casa mesmo, na Rua Dr. Edval Távora, 42, confluência com   Av. Fransquinha Dantas, onde montou seu ‘ateliê. É lá onde tira os bolos mais deliciosos, os doces mais delicados e as sobremesas mais desejadas.

“Bom, eu sempre fiz bolos para casa, para minha família, sempre me identifiquei com confeitaria, no começou a pandemia pensei em fazer bolos para vender, ter uma renda, já que não estava trabalhando”, lembrou.

Em seu espaço culinário, ela consegue produzir os sabores doces mais harmoniosos, os confeitados, além desses, os bolos nos sabores, milho-verde, bolo inglês, bolo mole e pães caseiros. Priscila é mulher que não tem medo de desafios. E na área da culinária ela sabe comandar. Não foi por acaso que no ano passado Priscila viveu uma experiência de trabalho no emprego em uma padaria, no centro de Iguatu. Foi por pouco tempo, segundo ela, mas o suficiente para entender mais um pouco de mistura de massas, sal, açúcar, fermento e desta composição ver surgir pães, bolos, biscoitos e outros resultados das misturas. O emprego na panificadora deu a Priscila base. É da base onde ela parte para criar seus sabores, elaborar seus pratos e agradar em cheio a sua clientela. Entre esses sabores está o ‘Bolo de Floresta Negra’, de uma mistura especial, produzido e vendido fatiado em casa. E a própria Priscila explica: “É um bolo de chocolate, recheado de creme de chantilly, com raspas de chocolate e cereja, ele é o mais pedido”.

Para o profissional atuar na área gastronômica, muito dificilmente ele consegue fazer tudo sozinho. Por enquanto nossa produtora de sabores trabalha sozinha, mas quanto a demanda aumenta, duas pessoas, que ela ama muito, entram em cena para ajudar: a mãe Sandra e a irmã Mikaela Rodrigues. Sabe aquelas plaquinhas que personalizam os bolos e confeitos? Nos bolos da Priscila, é a Mikaela quem faz. A mamãe Sandra corre para as entregas, revezando com Priscila.

No entanto, Priscila admite que à medida que a demanda de pedidos crescer, vai precisar de uma assistente permanente para conseguir atender a todos os pedidos.

Momento favorável

Outra meta que ela pretende alcançar é a formalização do pequeno negócio. Priscila vislumbra a conquista do CNPJ, dando autenticidade e identidade ao seu empreendimento, quem sabe começando com Microempreendedora Individual-MEI, com direito a ter um funcionário, ampliando os horizontes do seu negócio e abrindo um leque de oportunidades no mercado, de conquistar mais clientes, alcançar linhas de financiamento na rede bancária e ganhar reconhecimento. Sonhar não é proibido e ela é consciente que tudo pode se realizar se o pequeno empreendedor acreditar.

Senão vejamos o que aconteceu com a chegada da pandemia. No caso do empreendimento da Priscila aumentaram as vendas dos produtos, principalmente em termos do delivery. Priscila acredita que o fato das pessoas estarem em casa sem poder sair muito está sendo favorável ao negócio.

Também é pelas redes sociais que ela interage com seu público consumidor, para divulgar os produtos e receber os pedidos.

Serviço
Instagram: @deliciasdapri
WhatsApp: 88. 9.9470-7327

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