Esta semana o jornal Segunda Opinião publicou entrevista minha à jornalista Heliana Querino, cuja íntegra pode ser lida no site apresentado no rodapé da página. Há dada altura de nossa conversa, a entrevistadora solicitou que falasse de minha infância e juventude, fragmento da entrevista que, por sugestão de um amigo e conterrâneo, publico a seguir. Tenham todos um fim de semana feliz.
Perfil HQ (fragmento)
Fale um pouco de sua infância e juventude.
Começo por dizer que nasci em Iguatu, cidade em que nasceram Eleazar de Carvalho, Humberto Teixeira, Alcântara Nogueira, Fran Martins, e que Evaldo Gouvêa adotou como sua. Digo isso a propósito de ressaltar a vocação artística e intelectual de minha terra, onde ainda se pode desfrutar da beleza do céu mais bonito de quantos existem (risos). Insisto, assim como imortalizou Catulo da Paixão Cearense, num clássico do cancioneiro popular, sobre o luar do sertão, não há céu como o de Iguatu. Peço-lhe desculpas se isso lhe parecer piegas. Muito, quero crer, porque é bastante, ainda hoje, que feche os olhos para vê-lo no quadro de minhas retinas, cobrindo de poesia a minha vida, por inteiro.
Em Iguatu, fiz as primeiras descobertas, como ocorre a todas as crianças, tornei-me rapaz, nutri as primeiras fantasias, vivi meus amores mais puros.
Tenho por tendência de família, ser profundamente emotivo e recordar com saudade as coisas de minha infância, de minha adolescência… E um sentimento telúrico que não me abandona, mesmo quando viajo o mundo ou me encontro nos espaços mais urbanos e mais desenvolvidos.
Sei que, como no Drummond das memórias itabiranas, hoje Iguatu “é um quadro na parede, mas como dói”!
Tudo aquilo em que me tornei, como homem ligado às coisas da arte, professor, leitor, gente, tem na cidade de Iguatu as suas raízes, por muito que eu seja um ser cosmopolita, um homem do mundo, como dizia sempre, de mim, a mãe dos meus filhos, com o carinho que lhe é próprio.
Mesmo o meu amor pela Arte, pela literatura, vem de Iguatu, onde me dediquei a ler os primeiros livros, a cometer os primeiros escritos, muito cedo. E a militância política, também ela terá nascido ali, quando participei de movimentos estudantis, entrei para o Partido dos Trabalhadores, presidindo-o, e fui eleito vereador por dois mandatos… A carreira universitária… tudo, enfim, tem ligação com aquela cidade, com o seu povo, lugar de pertencimento, onde moram familiares e alguns dos meus grandes amigos. Em Fortaleza, no entanto, à época de universidade, terei moldado o meu perfil de adulto, na sequência de outras cidades em que morei.
Álder Teixeira é Mestre em literatura Brasileira e Doutor em Artes pela Universidade Federal de Minas Gerais
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