Perfil no Instagram relata casos de assédio e violência

06/06/2020

Jovens de diferentes estados do Brasil estão usando as redes sociais para relatar casos de assédio, relacionamentos abusivos e agressões. Enquanto alguns postam diretamente de suas contas, outros preferem enviar mensagens para páginas que reúnem e divulgam os depoimentos anonimamente. O movimento já vinha ganhando força em outros locais com o uso da #exposed, que significa “exposto” em inglês, seguida do nome de cada cidade. Em Iguatu, foi criada a página “expo_iguatu_2020” no Instagram e no Twitter.

Por meio da hashtag #exposediguatu, nomes de possíveis autores citados e relatos sobre crimes foram feitos. Em alguns deles, mulheres e até mesmo homens falam que ainda eram crianças ou adolescentes quando os casos ocorreram. Os locais onde ocorriam as situações vão desde âmbitos escolares, clínicas de saúde e locais de trabalho. O perfil está reunindo as denúncias das vítimas e expondo a situação anonimamente.

A reportagem entrou em contato com o perfil, mas não obteve resposta até a publicação da reportagem. A apresentação do perfil diz o objetivo da página. “Criamos com o intuito de ajudar mulheres que passaram assim como nós por coisas horríveis. É anônimo, manteremos sua privacidade se quiser”, resume. A página possui quase 7 mil seguidores e quase 90 relatos.

Os posts trazem relatos envolvendo colegas de escola ou bairro, professores, profissionais da saúde, pessoas com quem as meninas e mulheres se relacionaram e abusos praticados por pessoas próximas da família.

Escolas

Entre as instituições de ensino citadas houve relatos que expunham situações de assédio em diversas escolas de Iguatu, desde o setor privado ao público. As que se manifestaram por meio de notas declararam apoio às vítimas e informaram que colaboradores denunciados foram afastados dos quadros do funcionalismo, assim como criaram canais internos de denúncias e de proteção psicológica.

Investigação

A Polícia Civil de Iguatu informa que acompanha o caso e pede que as vítimas de assédio sexual se apresentem ao departamento de atendimento. O Departamento de Defesa da Mulher (DDM) investiga o caso junto com a Delegacia Regional de Polícia Civil por meio dos delegados Marcos Sandro e Wesley Alves. Um inquérito foi aberto tendo anexadas as postagens, notas públicas e denúncias de ouvidorias. A ideia é convocar as instituições, identificar todos os citados e para que possam ser ouvidos na próxima semana.  

Psicologia

O assédio contra crianças e adolescentes configura-se como um grave problema social e hoje é uma das grandes preocupações em nível mundial. Estudos revelam que essa forma de violência traz sérias consequências para as vítimas, não só no momento em que o fato ocorre, mas também seus reflexos na fase adulta. Para a psicóloga Nathalia Freitas, as vítimas de assédio ou até mesmo de abuso podem ser afetadas de diferentes formas. “Enquanto algumas apresentam reações pouco perceptíveis, outras desenvolvem severos problemas de ordem emocional, social e psiquiátrica. A intensidade do conflito vai depender de fatores internos e externos. Já para identificar vítimas desses casos no lar, é preciso observar mudanças de comportamento afetivas e cognitivas, como crises de choro, ansiedade e dificuldades para dormir, entre outros. Para superar, é necessário criar um clima de segurança e aceitação a fim de que a vítima adquira confiança e comece a se comunicar, para chegar ao objetivo de se trabalhar o trauma com a facilitação da verbalização dos sentimentos; promover crescimento pessoal e melhores formas de comunicação; abrandar a culpa que eventualmente o assediado ou assediada possa sentir”, disse.

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