Quem participou do Dia Especial de Campo da Cultura do Milho e de Silagem, no sítio Cantinho da Barra, zona rural de Iguatu, ficou admirado com o êxito do projeto de cultivo do grão irrigado: espigas bem desenvolvidas, plantas de porte elevado e uma renda média de R$ 5 mil por hectare, num período de 90 dias (ciclo da cultura).
A área experimental é uma mostra de que em pleno período seco, no sertão cearense, há áreas produzindo milho, que espalham o verde da plantação e enchem os olhos e o coração do sertanejo de alegria. O segredo está na irrigação, em solos férteis e na aplicação de tecnologia moderna de plantio – variedade resistente às pragas, espaçamento e manejo adequado.
A produtividade local surpreendeu técnicos e agricultores, alcançando 6600 quilos de grão por hectare, quando a média regional é de apenas 1800kg. Em massa verde (folhas, caule e espiga) o cultivo resultou em 40 toneladas por hectare, isto é, o dobro de outras áreas de cultivo de milho irrigado.
O sucesso do projeto motivou a realização de um dia especial de campo sobre cultivo de milho irrigado e silagem que atraiu mais de 200 criadores e agricultores da região.
Quem participou da programação viu o desenvolvimento das espigas e da plantação e ficou admirado. “Parece que a gente está em outra região do país”, observou o criador Luís Alves. “Aqui já é uma área que tem tradição no plantio de milho, mas com uma produção dessa ainda não tinha visto”.
O vice-prefeito de Iguatu, Franklin Bezerra, que compareceu ao evento, destacou a parceria entre o produtor, a Secretaria de Desenvolvimento Rural de Iguatu, Ematerce e outras entidades públicas e privadas. “Iguatu tem por base econômica a agropecuária e incentivamos essa atividade porque é importante para a economia local, gera renda e trabalho no campo e aqui está uma demonstração da viabilidade quando é feito um trabalho com uso de tecnologia, planejamento e assistência técnica”, frisou Franklin Bezerra.
Para o articulador técnico da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e do Trabalho (Sedet), Hildernando Barreto, que veio a Iguatu conferir o projeto, o cultivo irrigado de milho híbrido transgênico resultou em “um resultado surpreendente, comprovando que solos férteis e um bom trabalhado dão resultados positivos, viabilidade econômica, renda e trabalho no campo”.
Barreto demonstrou que na área demonstrativa de dois hectares de plantio de milho irrigado houve um custo de R$ 10 mil e uma renda de R$ 20 mil para um período de 90 dias. “Aqui os resultados serão melhores porque o próprio produtor vai consumir a massa verde e os grãos já que ele é criador de gado de leite”.
O secretário de Desenvolvimento Rural de Iguatu, Venâncio Vieira, pontuou que qualquer produtor pode alcançar resultados semelhantes à área experimental. “O nosso objetivo com essa programação de dia de campo foi mostrar que a partir do uso de tecnologia, escolha adequada do solo, de semente é possível, sim, alcançar alta produtividade”.
A Secretaria de Desenvolvimento Rural de Iguatu tem uma carteira com dezenas de produtores interessados em fazer o cultivo de milho irrigado e também de sequeiro (período de chuva). “Estamos incentivando os agricultores e mais de uma dezena já decidiu aderir ao projeto”, disse Vieira. A saca de 60 quilos do grão alcançou nesta semana o preço de R$ 100,00. É um valor considerado bom para o produtor rural.
Sonho
O produtor rural Clopes Benício de Freitas está realizando um sonho. Após viver por 25 anos em Fortaleza, como empresário do ramo de restaurante, retornou a Iguatu e adquiriu uma propriedade rural no sítio Cantinho da Barra.
“Saí de Iguatu aos 15 anos e fui para Fortaleza, mas veio a pandemia, vendi o restaurante e decidi voltar para a cidade onde nasci. Comprei esse terreno e passei a criar gado leiteiro e plantar milho”, contou Clopes de Freitas. “Era o meu sonho trabalhar com agricultura e pecuária. Fui atrás de conhecimento porque não sabia nada da atividade e implantei esse projeto”.
O recurso financeiro para a compra da propriedade rural veio através de financiamento do Fundo Constitucional de Desenvolvimento do Nordeste (FNE) no valor de R$ 70 mil. São 10 hectares irrigados e há outra área de igual tamanho para plantio na modalidade de sequeiro de milho e capim para reserva alimentar. A produção é voltada para alimentar o rebanho, armazenada em silos. São duas safras irrigadas por ano.
“Tendo terra boa, irrigação e trabalho planejado é possível sim produzir e ter boa renda”, avaliou Clopes de Freitas. “Deixei uma empresa com 28 funcionários, na Capital, e vim para o campo. Não ganho igual, é menos, mas sou mais feliz, tenho melhor qualidade de vida, faço o que gosto e estou morando perto dos meus pais”.
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