Transeuntes que circulam pelo centro da cidade e Av. Perimetral denunciam a presença de crianças e adolescentes nos semáforos e nos acessos de estabelecimentos comerciais: farmácias, agências bancárias, mercantis, lojas e outros. No cruzamento do Atacadão Lag, a situação é sem controle. No semáforo da Av. Perimetral com Sabino Antunes, a situação começa a ficar semelhante também.
Independente da idade e do sexo, lá estão eles, todo dia, toda hora. Pedem dinheiro, pedem comida, oferecem bugigangas, doces, fazem malabares sob os pretextos mais diversos. Quando interpelados por que estão ali e não na escola, a resposta já é uma estratégia: se a abordagem for pela manhã, eles dizem que estudam à tarde, se for à tarde, dizem que estudam pela manhã.
No semáforo a vida muda de faixa e quase ninguém percebe. Um garoto que começou a fazer malabarismo no semáforo, quando ainda era criança, pelo visto ele já mudou de faixa etária, agora é adulto e continua lá.
As crianças e adolescentes estão expostas a todo tipo de violência, quando permanecem nos semáforos da cidade, principalmente da Perimetral, uma rodovia estadual que corta a cidade de ponta a ponta, recebe visitantes de todos os lugares e traz muitas mazelas. No semáforo do cruzamento da Perimetral com a Av. dos Quixelôs, um homem aparece com frequência, com uma adolescente, supostamente filha dele, pedindo dinheiro a quem passa.
A reportagem verificou na tarde da quinta-feira, 02, um homem acompanhado de uma adolescente, posicionado no cruzamento do atacadão se colocava entre os carros e abordava as pessoas, pedindo dinheiro. Não há informações se ele já foi abordado pela equipe da Assistência Social ou do Conselho Tutelar, ou outro órgão fiscalizador. Ninguém sabe se ele pertence a alguma instituição religiosa ou social, e por que a presença da adolescente, sempre com ele.
Enquanto essa crianças e adolescentes estão expostas à violência, entregando-se a uma vida de pedintes, os órgãos fiscalizadores passeiam com suas respostas vazias, sem conteúdo. A sociedade iguatuense está incomodada e cansada de tanta resposta ‘no vácuo’ sem ver a ação concreta acontecer, desta vez urgentemente pedem providências.
Indignação
Uma mãe indignada com a situação de violência a que os menores estão submetidos, escreveu mensagem para o jornal e pediu que fosse publicado: “Eu como mãe, vejo essas crianças no semáforo, vejo Iguatu uma cidade polo onde o tráfego nessa Perimetral é de pessoas de vários estados e cidades que cruzam a cidade diariamente. Acho um verdadeiro risco as crianças ali, pois há perigo de prostituição, há risco de abuso sexual, pois podem entrar voluntariamente em carros por achar que vão ganhar algo. Há pedófilos no mundo todo, há risco de serem atropelados em meio ao trânsito quando abre o semáforo. Onde estão tantos conselheiros tutelares eleitos na cidade de Iguatu️? Não adianta campanha para prevenção de abuso a crianças, pois não há abuso maior que este (e não adianta falar que falam com os pais e as crianças voltam para o semáforo porque se o caso já for com os adultos, vá à Polícia Civil ou Militar, ao fórum a quem for de direito, mas isso está um absurdo). Iguatu está em prevenção ao abuso infantil. Veja o risco que está criança corre ali no semáforo da linha férrea, risco de alguém levar e abusar sexualmente, risco de carro atropelar. Cadê monte de conselheiro tutelar eleito?”.
Secretaria de Ação Social
A reportagem procurou a Secretaria de Assistência Social para responder os questionamentos. O titular da pasta Pablo Neves enviou uma nota com o seguinte conteúdo: “Esse é um fenômeno do cenário social de todo o Brasil, que é um país fundado sobre inúmeras desigualdades. As vulnerabilidades sociais foram demasiadamente ampliadas pela pandemia, que produziu uma profunda crise econômica e social no país e no mundo. Quanto ao caso em questão, a Secretaria de Assistência Social, Direitos Humanos e Cidadania de Iguatu tem atuado diariamente, por meio de sua rede de proteção, composta por 6 CRAS, 1 CREAS e outros equipamentos sociais, para prestar assistência às pessoas e às famílias em situação de vulnerabilidade.”
Ministério Público
A reportagem procurou também o Ministério Público, através da Promotoria da Infância e Juventude. A promotora Helga Barreto está de licença. O promotor Dr. Fábio Vinicius assumiu a pasta em lugar dela. Ele pediu para se posicionar sobre os fatos, somente na próxima semana, após se inteirar sobre os procedimentos instalados.
Conselho Tutelar
O Conselho Tutelar que foi mencionado pela mãe também foi procurado. Camila Machado, que é conselheira escreveu: “Ao invés de perguntarmos cadê os órgãos públicos, devemos pensar: cadê a família, ela é a instituição primeira no processo de responsabilidade. Tenha certeza que as intervenções são realizadas pelas equipes, mas todas dentro de inúmeras limitações”.
Ainda de acordo com Camila Machado, as crianças não saem das ruas, porque elas são atrativas. “Não saem mesmo, muito difícil essa superação. Eles recebem dinheiro nos semáforos, é uma possibilidade de conseguirem comprar o que desejam. O município não tem políticas públicas para o público infantojuvenil. Cadê a escola de música? Cadê as quadras de esportes? Em suma, não há incentivo ao esporte, arte, cultura. Temos apenas os serviços de convivência do CRAS, o que não é atrativo”, lembrou.
A conselheira ainda acrescentou: “Temos uma equipe de abordagem social que trabalha apenas alguns dias à noite, por ausência na oferta de transporte. Há uma precarização nos diversos espaços”. Ela lembrou que falta as famílias fazerem suas lições de casa, o que não está acontecendo. “O que falta mesmo é essas famílias serem responsabilizadas”, frisou.
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