Você leitor que está folheando esta página e lendo esta reportagem talvez já tenha um dia solicitado o serviço de um entregador. O tema específico aqui são os entregadores de pizza, mas eles abrangem um leque maior de trabalhadores. Pizza, açaí, hambúrguer, quentinhas e até remédios.
Régis Fernandes, 30, trabalha para uma pizzaria da Avenida Perimetral há cinco anos. Geralmente ele sai da loja com quatro ou cinco entregas para fazer em endereços diferentes. Mas garante que o produto chega com rapidez, sem comprometer a segurança, nem a qualidade do produto.
Régis é só mais um entre tantos que prestam esses serviços à clientela que espera sua encomenda em casa, no escritório ou na empresa. Iguatu tem em média 50 pizzarias. Cada uma delas tem pelo menos dois entregadores. Mas existem os que entregam açaí, salgados, quentinhas, cosméticos, jornal, remédios e outros produtos. Uma massa de trabalhadores que cresce à medida que o leque de serviços é ampliado também.
Diariamente eles estão cruzando a cidade em motocicletas e levando nas ‘bolsas térmicas’ fabricadas exclusivamente para entrega de alimentos prontos, especialmente pizzas. Alguns até passam despercebidos, outros chamam atenção por causa da velocidade que imprimem para se deslocar. São conhecidos pelo barulho, o tipo de veículo e os volumes que transportam nas costas. Arriscam-se nas manobras mais inusitadas, trafegam pela contramão, avançam pelo sinal vermelho, tudo pela justificativa de que o cliente não pode ficar esperando muito tempo.
Os entregadores de pizzas sabem que existe um tempo hábil entre a pizzaria e o endereço do pedido e isso é vital no negócio. Afinal, muitos entregadores são terceirizados, ganham por entrega e podem ficar numa saia justa com o cliente se houver demora além do tolerável. Essas características por si só já responderiam à pergunta da manchete: por que os entregadores de pizza são tão apressados? Ouvindo a categoria a reportagem descobriu mais que isso.
Experiência e cuidados
O entregador de pizzas e outros alimentos já está virando profissão devido ao grande número de profissionais aderindo a esta modalidade. O serviço está sendo absorvido não somente pelas pizzarias, mas também pelas lanchonetes, farmácias, hamburguerias, restaurantes e outros estabelecimentos que comercializam produtos para entrega em domicílio.
Ricardo Marques, 38, é craque no assunto. Trabalha como entregador de pizzas há quase uma década. É um dos mais veteranos de uma pizzaria da Praça da Matriz. Ele admite que naturalmente existe aquela ‘pressão psicológica’ para que a entrega seja rápida, a partir do instante que o entregador recebe o pedido e parte para o endereço do cliente. “Conheço praticamente todos os caminhos mais viáveis, mais seguros e por onde eu possa me deslocar mais rapidamente”, contou. Contudo, o veterano entregador admite que todos os percursos são cheios de imprevistos e isso requer experiência e cuidados para evitar os acidentes.
Kawan Lavor, 18, há dois anos foi vítima de uma imprudência no trânsito. Foi diagnosticado como TCE-Traumatismo Craniano, ficou por quase um ano se recuperando e já está trabalhando novamente com entregas. O jovem que aparentemente não tem sequelas do acidente afirma que não quer mais viver a experiência e recomenda cautela.
Outro entregador, Cícero William, 22, trabalha como ‘gesseiro’ durante o dia, mas para complementar a renda de casa, à noite se vira como entregador de pizza. William disse à reportagem que está no serviço há dois anos e já conseguiu se adaptar bem. Ele ressalta que o entregador de pizza precisa estar atento para não errar no pedido, nem no endereço do cliente, o resto é por conta da sorte.
Rapidez, eficiência e qualidade
Quando o entregador é também o dono do estabelecimento, a situação se inverte. José Océlio Pereira, 57, conhecido como ‘Jocélio’, atua no segmento desde 1989 e confessa que é preciso saber de tudo um pouco para o negócio não ruir. É ele quem faz as entregas no dia da folga do entregador. Mas também vai para a bancada quando o pizzaiolo falta, atende no balcão e até como garçom. “Importante é não deixar de atender o cliente”, afirmou Jocélio.
Quando analisamos a relação entre a loja, o profissional que prepara o alimento e o entregador, percebemos um tripé de serviços que funciona nos bastidores, cada vez que alguém liga e faz seu pedido. Esta relação gera a necessidade de a entrega ser rápida, porque quando o cliente solicita o serviço, ele quer rapidez, eficiência e qualidade.
Desde que foi criada a imagem do entregador de pizza, a vida mudou para muitas pessoas, inclusive os entregadores.
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