Facilmente Pretinha é vista andando pelas ruas dos bairros Santo Antônio e Prado, na periferia de Iguatu. Depois do passeio, o local de descanso da cadela é um cantinho na sombra de uma árvore na praça do bairro. Enquanto está deitada, as crianças que brincam no local aproveitam para fazer cafuné no animal. A cadela chegou ao bairro ainda novinha, estima-se que com apenas um ano de idade, e logo conquistou o coração dos moradores. “Ela chegou aqui pela praça e foi ficando. A gente passou a colocar água, comida para ela e para outros animais de rua que costumam ficar aqui pela praça. Mas, Pretinha foi se destacando e conquistando o coração da gente. Sempre dócil e amigável”, afirma a dona de casa Fransquinha Machado, uma das tutoras da cadela.
E foi assim que nesse tempo a cadela virou um xodó. Há pelo menos nove anos Pretinha está sob os cuidados de três tutoras: dona Socorro, Fransquinha e da Evanice Gomes. Mesmo com três casas para morar, Pretinha prefere ficar pelas ruas dos bairros, e as donas de casa respeitam a vontade dela. “A gente respeita o jeito dela. Ela vem aqui, entra na sala, no quarto, come, bebe água, mas gosta de dormir no banheiro. Vai pra casa de Evanice, de Socorro, porque sabe que é bem recebida e tem a mesma liberdade, carinho e proteção nesses lugares”, pontua dona Fransquinha.
Resistência
Mesmo com todo cuidado, o animal dócil e indefeso já foi vítima de violência. Há cerca de quatro anos Pretinha levou uma facada no pescoço. A cadelinha também já teve duas crias, cada uma com dois filhotes. Por conta de um problema de saúde, o animal precisou ser castrado. “A castração foi conseguida de graça em uma clínica veterinária, através da agente de saúde Poliana, que conseguiu tudo. Já o tratamento foi custeado pelos moradores. Fizemos cotas para comprar ração e medicação enquanto ela se recuperava. Até o padre da nossa comunidade ajudou”, comemora Evanice Gomes.
Diante desses sinais de resistência, a cadelinha cada fez mais ganha respeito e admiração dos moradores que estabeleceram uma relação de carinho e responsabilidade compartilhada. “As portas estão sempre abertas para Pretinha. Ele sempre vem por aqui. Ela é esperta. Gosto de banhar ela no final de semana. Ela às vezes nem aparece. Saio atrás dela e trago para casa para banhar. É muito limpa, não pega nem carrapatos. Ficou mais fortinha depois da cirurgia. Quando ela esteve doente, sempre estivemos ajudando ela. E ela retribui com toda alegria que traz pra gente”, ressalta Evanice.
Não só para Pretinha, mas as donas de casa buscam proporcionar uma vida mais digna para outros animais de rua, além dos que já têm em casa. “Eu sempre gostei de animais, aqui em casa, além da Pretinha tenho outros três. Fora os que a gente ajuda na rua, colocando água e comida para eles. Não sei como tem gente que faz mal a esses animais”, concluiu Evanice.
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