Depois de ver o desperdício de banana madura, que normalmente não vai direto para mesa do consumidor por ser bastante perecível, o produtor rural Ricardo Rolim apostou no processamento da fruta, produzindo bananas passas. A produção iniciada há seis anos vem dando certo e atingiu mercados em grandes centros urbanos e capitais do Nordeste.

O beneficiamento da fruta acontece na fábrica que fica no Sítio Cardoso II, na zona rural de Iguatu. “Inicialmente, comecei com a produção da banana, isso tem uns dez anos, e há seis montei a agroindústria. Vi que aqui tinha um grande desperdício de banana. Foi daí que pensei na produção de uvas passas. É um produto ainda pouco conhecido, mas é a fruta desidratada. Investi na construção da fábrica aproveitando uma antiga piladeira para produzir o produto” ressalta Ricardo, mostrando satisfação pelos resultados que tem conseguido nesse tempo. “Vi a oportunidade de ganhar dinheiro, além de evitar o desperdício da fruta que acontecia na propriedade”.

A variedade escolhida é a banana nanica (casca-verde). O processo de desidratação é simples. A banana madura passa por três lavagens para retirada de impurezas. Logo depois a fruta é descascada, cortada e condicionadas em bandejas antes de ir para o desidratador. São necessárias 36 horas para o alimento ficar no ponto de ser embalado para comercialização.

A fábrica chega a produzir em média 500 quilos de bananas passas por semana. A produção é comercializada para supermercados na capital Fortaleza e Região Metropolitana, Teresina, no Estado do Piauí, e São Luís, no Maranhão. A empresa gera três empregos diretos, além de outras dezenas de indiretos. Cícero Bezerra é responsável pela produção. Divide o trabalho com a esposa e com o sogro. “A produção aqui é feita de forma simples, mas com muita responsabilidade. Fazemos isso com muito gosto, porque sabemos que tudo isso aqui vai parar na casa das pessoas. Somo gratos por essa oportunidade, porque trabalhei a vida toda na roça. Aqui estamos tendo a oportunidade de ganhar bem melhor e ficar na nossa localidade”, comentou o encarregado da produção.

Dos 16 hectares da propriedade, 10 são destinados ao plantio da banana. Desse total, apenas 30% vêm para o processamento. Os 70% da produção da fruta são destinados ao comércio in natura. Mas a intenção do produtor é aumentar o processamento do fruto.

Produção e rentabilidade

Em Iguatu, cerca de 400 famílias produzem banana no município. A estimativa da área plantada de banana chega 800 hectares, segundo a Secretaria do Desenvolvimento Agrário. “Em relação à produção da banana nanica, o município chega a produzir cerca de 50, 60 toneladas por ano. Já as variedades do grupo prata, chega a 40 toneladas/ano a produção. Essa produção do Ricardo serve de exemplo. Uma iniciativa que faltava para o aproveitamento da banana que estava sendo desperdiçada. Isso agrega valor ao produto. Pelo que foi apresentado, apesar do investimento, é bastante rentável a comercialização da fruta processada. Estamos vendo um produto de excelente qualidade, produzida em nossa cidade”, destaca Venâncio Vieira, secretário do Desenvolvimento Agrário, apontando ainda que a fábrica está em processo de certificação através do Serviço de Inspeção Municipal.