Mais um ano e a situação volta a se repetir: produtores de banana nas localidades que margeiam o rio Jaguaribe perdem a produção por conta de fortes ventanias que derrubam os pés e destroem o ciclo produtivo das plantas.
“A gente não sabe nem estimar as perdas porque não é só aquele pé que cai, tem o cacho, a filha e a neta. A gente sabe que a produção da banana se dá assim, em família. E quando o vento forte chega, acaba causando um efeito dominó e sai derrubando tudo”, explicou Venâncio Vieira, secretário do Desenvolvimento Agrário de Iguatu, afirmando que os produtores mais uma vez foram pegos de surpresas. “Uma surpresa anunciada”, isso porque os produtores já estavam até esperançosos que não ocorresse o fenômeno natural. “Não é a primeira vez. Inclusive com granizo. Mas essa pegou um pouco de surpresa, porque geralmente é no final de novembro, dezembro ou começo de janeiro. Nós estamos no mês de março e realmente um prejuízo. Estamos com equipe em campo fazendo o levantamento para saber a quantidade de área e quantos produtores foram prejudicados”, ressaltou Vieira.
Perda de 70% a 80%
Mas já é sabido que em algumas áreas o prejuízo chega em torno de 80%. São áreas em produtividade, banana toda cacheada em ponto de colheita. O produtor rural Francisco Macedo, na localidade de Barra do Cangati, no Distrito de Barro Alto, perdeu quatro hectares de um total de seis cultivados em uma das áreas atingidas pelo vendaval. “Os pés estavam carregados, com bons frutos, mas perdi quase tudo”, contou o produtor, que estima prejuízo em torno de R$ 300 mil.
A secretaria de Desenvolvimento Agrário de Iguatu estima prejuízo entre 70% a 80% do bananal por área atingida pela ventania. Em média, o ciclo produtivo para colheita leva quase um ano, quando o cacho está pronto para comercialização, sempre nesse período que as plantas estão mais susceptíveis aos fortes ventos.
Alternativas
Desde 2013 que esse fenômeno natural passou a acontecer com mais brevidade, atingindo principalmente a banana da variedade pacovan que tem porte alto, cerca de oito a dez metros, é mais frágil para suportar ventos fortes. Diante desses casos, ao longo do tempo, alternativas de cultivo de outras variedades de menor porte foram apresentadas aos produtores como forma de evitar esses prejuízos. As bananas prata, rio, catarina e apodi têm pés mais fortes, porte baixo e caule grosso, que suporta o vento.
Outra alternativa seria a barreira natural ou artificial, com plantação de árvores, por exemplo, para tentar evitar a passagem do vento mais forte, nas áreas produtivas, mas para as áreas de cultivo de banana em Iguatu não surtiu os efeitos esperados. “As faixas de terra de cultivo aqui são mais retangulares. A gente já viu inclusive que o vento passa por cima da barreira e atinge as plantas mais na frente e sai derrubando os pés em efeito dominó”, pontuou.
No Ceará, Iguatu é um dos maiores produtores de banana das espécies nanica (casca verde) e pacovan (prata). Mas ao longo dos últimos anos, por consequência dessas ventanias e também da seca, muitos produtores tiveram que reduzir ou mesmo deixar o cultivo de banana partindo para outras variedades de fruta, ou mesmo para a criação de animais.
Ainda segundo o secretário Venâncio Vieira, em breve, após o apurado o levantamento, será divulgada total de área atingida pela ventania.
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