Cerca de cinquenta pequenos produtores rurais do Distrito de Suassurana, em Iguatu, contabilizam prejuízos nas áreas produtivas do Rio Trussu nos últimos três anos, desde que o açude deixou de perenizar as áreas ribeirinhas, isso por causa da escassez hídrica provocada pela seca.
A propriedade do agricultor Carlos Brasil reflete bem essa situação. Dos cinco hectares que eram utilizados, apenas um hectare está sendo cultivado. “Toda a área de terra, que a gente tinha plantado banana e macaxeira, tive que mudar por falta de água. Passei a plantar milho, pelo menos para ter uma forragem para os animais. Eu tive que reduzir o rebanho bovino e caprino. Já chegamos a ter mais de 200 cabeças de criação, estamos com cerca de 80. Antes a gente produzia banana, tinha renda com a venda do produto toda semana. Nos últimos três anos, desde que foi fechada a válvula, a gente só contabiliza prejuízos. Temos que vender uns animais para tentar ir segurando os outros. De onde só se tira, um dia quebra”, lamentou o produtor esperançoso em um bom período de inverno no ano que vem.
Abaixo-assinado
Segundo produtores, a situação melhorou com as chuvas que caíram recentemente, pelo menos formou um pouco de água nas “bacias” abertas dentro do rio de onde os animais estão podendo beber água. “Essas chuvas foi quem salvou a gente. Os bichos já não tinham mais o que comer e nem beber. A pastagem é pouca, mas é o que tem. Via a hora fechar a porteira da minha propriedade e vender o resto que tenho, mas graças a Deus, Ele mandou essa benção para os brutos”, ressaltou o produtor rural Zezito Gonçalves, afirmando ainda que diante dessa difícil situação, produtores rurais do distrito de Suassurana realizaram uma abaixo-assinado, colheram cerca de 50 assinaturas, reivindicando junto à Companhia da Gestão de Recursos Hídricos – COGERH a liberação mínima de água do açude Dr. Carlos Roberto Costa, o Trussu.
Essa era nossa esperança, porque a situação aqui estava bem mais difícil. Mas é muito crítica ainda. Recebemos uma nota informando que não era possível essa liberação de água nesse momento”, comentou Zezito, afirmando que há três anos, desde quando a água do Rio Trussu deixou de ser liberada, que eles enfrentam dificuldades para manter as atividades agrícolas e pecuária na região.
Insegurança hídrica
Apesar dos bons índices de chuvas no período de inverno neste ano, o Trussu está com pouco mais de 20% da capacidade total, que é 268 milhões de metros cúbicos. O açude é responsável por abastecer as cidades de Iguatu e Acopiara, além de comunidades ribeirinhas. Em nota a gerência regional da COGERH explicou que o Comitê de Bacias não aprovou liberação de água do Trussu este ano, por não ser seguro a garantia hídrica com o volume atual. A orientação é aguardar inverno do próximo ano, para ter uma certeza maior dessas operações nas próximas reuniões de uso e alocação da água do Trussu.
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