Professor lança sebo virtual

05/06/2021

Livros raros, esgotados e principalmente seminovos têm endereço certo: o sebo. Mas com o fechamento de estabelecimentos de itens não essenciais, os sebos tiveram queda nas vendas em lojas físicas, mas em contrapartida os virtuais cresceram e outros surgiram. No segmento on-line, o professor Marcos Alexandre lançou seu acervo na rede social Instagram com o endereço @sebo_centrosul.

Apaixonado pela literatura e por sentir na pele a ausência de livrarias na cidade, o também colunista do Jornal A Praça tomou a frente de disponibilizar em um cômodo de sua casa um ambiente organizado de obras raras e antigos, de ciências humanas e exatas, trabalhos biográficos além de gravuras. “Apesar de existir um sebo e algumas livrarias voltadas para o público religioso, percebo que ainda seja pouca existência de espaços como esses. Com a pandemia, comecei a vender livros que já não precisava, em páginas específicas do Facebook. E percebi nesse cenário uma chance de unir o útil ao agradável: ganhar uma renda extra e incentivar mais pessoas a possuírem o hábito da leitura”, contou Alexandre.

Através da ‘loja virtual’ é mais rápido e fácil localizar um título e ainda recebê-lo com comodidade em casa. Na conta do Instagram, há fotos dos livros disponíveis no acervo e apresentação de algumas obras. Pelo perfil, os clientes entram em contato para comprá-los. Hoje, o perfil reúne uma leva de seguidores na rede social.

O sebo nasceu virtual, mas o empreendedor tem recebido alguns apreciadores de livros no espaço físico da sua casa. A ideia é oferecer o melhor acervo para amantes de literatura e cultura geral.

O professor é um apreciador da literatura – Foto Arquivo Pessoal

Marcos não descarta criar um lugar físico e quem sabe desenvolver um portal ou aplicativo que agrupem a gama maior de produtos expandindo o negócio para clientes não só de sua região, mas de todo país. “Um dos meus propósitos é despertar nos alunos o gosto pela leitura. O sebo ainda está começando. Ainda tenho projetos para melhorar a página. Mas já tenho clientes e pessoas interessadas”, afirmou.

O professor entende que a importância dos sebos não atinge só o aspecto econômico e de ruptura de mercados dominantes como a Amazon, mas também reflete no “apego” às obras literárias e à interação social. Além disso, defende a oferta de bibliotecas públicas que possibilitem um acesso maior aos livros pela população. “Se olharmos os grupos de vendas e trocas de livros, que funcionam também como sebos virtuais, os perfis são variados. Encontramos jovens, pessoas de meia idade, idosos e até adolescentes interessados em compras de livros usados. Além do preço ser mais acessível, percebo que há uma espécie de ternura. Uma das coleções que vendi, havia uma dedicatória romântica num dos livros. Essa dedicatória datava dos anos 60. Fora o aspecto do livro, as edições clássicas de capas duras, simples, porém criativas”.

Manter um sebo, principalmente na pandemia, acarreta desafios para seu dono. Marcos aponta esse cenário e o prazer que sente, contudo, ao trabalhar nesse ramo: “O meu sebo visa alcançar todos os públicos. Até porque, cada vez mais, pessoas de mais idade possuem redes sociais. É um fenômeno que traz oportunidades para esse tipo de troca: tanto o gosto por livros antigos bem como o gosto em si pela leitura”, disse.

Marcos Alexandre recebe amigos que apreciam seu acervo improvisado na sua residência – Foto Arquivo Pessoal

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