Professora escreve contos para ajudar a alfabetização de estudantes com dificuldade de aprendizagem

11/10/2024

 

“Foi para ajudar o outro que comecei a escrever. Eu aproveitei o dom que tenho e a partir daí nasceu aquele desejo de usar para multiplicar e deu certo”

Foi na sala de aula que a professora Leila Freitas passou a escrever seus primeiros versos. Quando fazia graduação em Pedagogia, recebeu o incentivo de uma professora e desde então não mais parou. Já são mais de 12 livros didáticos e paradidáticos, e mais de 18 livretos da literatura de Cordel.

Atualmente, é coordenadora do Ensino Médio, no Colégio Polos, em Iguatu. “Eu tinha uma professora que percebeu meu dom e disse para eu começar a escrever mais, fazendo os registros para quem sabe um dia eu fazer minha primeira publicação. Na minha vida escolar, na adolescência, eu participava dos concursos de poesias na escola e sempre tirava o primeiro lugar. Quando alguém pedia para escrever algo temático, tinha facilidade. Em 2011, eu comecei a dar aulas para muitos alunos que não eram alfabetizados, isso na quarta série, hoje é o quinto ano. Eu comecei a ter a necessidade de ter livros paradidáticos. Nós não tínhamos o recurso para alfabetizá-los, mas tínhamos uma lousa, o giz, a boa vontade e o planejamento da professora Leila. Então comecei a escrever contos quando chegava a casa à noite, pensando em lançar um livro para alfabetizar aquelas crianças. Quando concluí a escrita de 17 contos, fui a Fortaleza, com aquela missão de encontrar uma editora e fazer a publicação do meu livro. O título do livro foi ‘O lindo mundo da imaginação’. Em 2012 quando recebi o livro eu presenteei os alunos. Foi para ajudar o outro que comecei a escrever. Eu aproveitei o dom que tenho e a partir daí nasceu aquele desejo de usar para multiplicar e deu certo”, contou orgulhosa a professora.

No decorrer de tão pouco tempo, em 2013, a professora passou a ter contato com a Literatura de Cordel, quando atuava como formadora educacional, pela Secretaria de Educação de Quixelô. “Participei de oficinas sobre o gênero literário do cordel em Fortaleza com cordelistas renomados e a partir dali comecei a escrever meu primeiro cordel que tem o título “O grande encontro no céu da Beira Mar”. Klevison Viana sugeriu para fazer ilustrado. Ele fez as ilustrações. Eu publiquei na Bienal do Livro e Fortaleza e fui lançá-lo em vários outros lugares. Me apaixonei pela literatura de cordel e comecei a participar das feiras e bienais pelo Brasil e até fora do país”, comentou, destacando os mais diversos lugares que participou levando sempre alguma novidade, entre esses a Festa Literária Internacional – FLIP em Paraty, no Estado do Rio de Janeiro, Bienais em São Paulo, Fortaleza.

Em 2018, Leila já tinha um acervo com 12 folhetos publicados e livros também. A escritora viajou até para uma formação em Cuba. “Foi uma troca de experiência riquíssima, passamos também pelo Panamá e a partir daí percebemos a importância do cordel no Brasil e no mundo”, declarou.

Multiplicação dos dons

O cordel é patrimônio imaterial do Brasil. As portas foram se abrindo pela dedicação e estudos. “Desde 2016, eu participo das bienais internacionais do livro de São Paulo que é o maior evento literário da América Latina. Cada Bienal eu sempre levo materiais inéditos, cordéis inéditos, livros inéditos e projeto também que eu desenvolvo na parte pedagogia: “Universo socioemocional” livro didático que é para ser abordado na sala de aula, utilizado semanalmente na sala de aula pelos professores para cuidar do socioemocional das nossas crianças. A cidade de Codó, no Maranhão, e de Nazara, no Piauí, também adotaram esse projeto e estamos expandindo pelo nosso Brasil. Eu, como coordenadora pedagógica do Ensino Médio do Colégio Polos, abraço todas essas experiências vividas para inserir no contexto pedagógico em sala de aula, dialogar com professores e gestores, porque cada experiência vivida amplia uma nova ideia e meu desejo sempre foi esse de somar, de multiplicar, de despertar, inspirar e principalmente ajudar as pessoas nas realizações dos seus sonhos e na multiplicação dos dons. Eu costumo dizer se o cordel já chegou às bienais, o que é que falta fazer mais? Falta fazer muita coisa, que é trazer mais pessoas para conhecer essa literatura e para escrever também”, concluiu.

Leila é mestra em Educação; possui pós-graduação em Gestão Escolar, em Educação Global; MBA em Gestão Empresarial; e é acadêmica de Direito.

As pessoas interessadas em conhecer mais sobre a literatura de cordel e o trabalho da professora Leila Freitas, bastam seguir o Instagram: @leilafreitascordelista.

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