Programa incentiva produção de camarão em cativeiro

14/09/2019

O incentivo à criação de camarão em cativeiro atrai produtores em Iguatu. A Secretaria de Agricultura e Pecuária desenvolve o Programa de Incentivo à Carcinicultura. A nova atividade é vista como uma alternativa viável como fonte de renda diante da dificuldade de água por conta da seca que atinge a região nos últimos anos. Nossa reportagem acompanhou duas visitas técnicas a duas propriedades na zona rural, uma no Sítio Barra e a no Barro Alto.

Na propriedade do agricultor Luiz Carlos Ferreira, no Sítio Barra, toda área era ocupada somente com o plantio de arroz irrigado. Mas o campo verde de maneira até bem rápida vem dando lugar aos grandes tanques com média de 1 hectare ocupado por água para a criação do camarão. “Tudo aqui era arroz. A gente nunca tinha pensado em produzir outra coisa. Até porque apesar de o arroz está difícil de ser produzido por conta da escassez de água, é a paixão do meu pai. Ele sempre plantou aqui. Mas resolvi implantar o criatório aqui até mesmo de certa forma contra a vontade dele. Hoje ele até já acompanha e ajuda no trabalho”, comenta Cacá, como é conhecido, explicando que conheceu uma fazenda de camarão em Quixelô e apostou na nova atividade. “É diferente do arroz, porque não gasta muita água. A água volta para cá depois da despesca”, acrescenta. Os tanques são abastecidos por poços.

Em média para um tanque de um hectare são necessários 15 mil metros cúbicos de água, que é reutilizada. “Por isso que no projeto é obrigatória essa barragem. A água da despesca vem pra ela, depois retorna para o criatório”, explica o engenheiro de pesca Arimateia Rodrigues, que faz o acompanhamento semanal aos produtores através do programa.

Assistência técnica gratuita

Quem cria o crustáceo tem que fazer o manejo correto, principalmente os cuidados com a água, para deixar o criatório livre de doenças, entre elas a mancha branca, vírus presente no Ceará. “Pra gente é fundamental o acompanhamento técnico. Sem ele, eu não fazia nada aqui. A gente segue todas as orientações e vem dando certo”, destaca Cacá.

A Secretaria de Agricultura de Iguatu montou uma equipe técnica formada por engenheiro de pesca, biólogo, geólogo, técnico agrícola e coordenador que presta todo os serviços de forma gratuita. “A atividade requer um alto investimento financeiro. Esse apoio ameniza os recursos que são necessários para iniciar a criação. Mas também é bastante lucrativo. Por exemplo, no criatório do Cacá, que foi o primeiro que acompanhamos, ele já fez a primeira despesca. Rendeu 4.500 quilos. Uma produção satisfatória que a gente nem esperava tudo isso. O tanque foi povoado por 500 mil de PL, (Pós Larva) e as perda esperadas em médias chegam a 40%, aqui não deu isso. O camarão atingiu também um tamanho bem maior que o padrão de comercialização de 10g”, ressalta Murilo Barroso, coordenador do Programa Camarão de Iguatu.

Os 4.500 quilos de camarão produzidos por Cacá corresponderam financeiramente a R$ 85 mil, com lucro líquido de aproximadamente R$ 50 mil, isso obtido em 110 dias de produção. Diante dos bons resultados, o produtor já iniciou a construção de outro tanque de um hectare.

O Programa Camarão de Iguatu foi lançado em abril. Além de oferecer assistência técnica, fornece também a elaboração de projetos e encaminhamento de pedidos de licença na SEMACE e na COGERH. Procedimentos de alto custo.

Made in Iguatu

Ainda segundo Murilo, o investimento inicial para implantação do criatório depende das condições de cada terreno. O projeto desperta o interesse de outras pessoas em criar camarão. Levi Antunes, acadêmico de engenharia civil, também apostou na produção de camarão. A unidade produtiva é tocada em parceira com Adriel Mourão. Na propriedade foram construídos três grandes tanques com pouco mais de 1 hectare cada. “Ainda não realizamos a primeira despesca. O camarão colocado aqui está pouco mais de duas semanas, temos que esperar ainda mais de 60 dias para que alcance o tamanho de comercialização. Estamos entusiasmados com o bom desenvolvimento deles no criatório, inicialmente tivemos dificuldade aqui para consegui gente pra ajudar, porque é necessário pessoa o tempo todo, mas agora superamos essa fase e estamos tocando o negócio pra frente”, comentou Levi, que pretende construir mais cinco tanques, na área de oito hectares. Segundo o secretário de Agricultura de Iguatu, Edmilson Rodrigues, é viável a produção do camarão em Iguatu. O município não tem mercado para abranger toda a produção local, mas o camarão made in Iguatu já está sendo comercializado para mercado na região Sudeste do País. A primeira produção foi comercializada para a Ceasa do Rio de Janeiro. A meta é até o próximo ano dobrar de 15 para 30 hectares de tanques produzindo camarão.

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