Todo o espaço que antes não era ocupado por trás da escola Artur Alves Cabral, no Distrito de Baixio da Donana, em Jucás, agora está bem aproveitado. Desde que a escola foi escolhida para a implantação de um projeto piloto com a instalação de um sistema de reuso de águas servidas e a construção de uma cisterna com capacidade para armazenar 52 mil litros de água potável, a realidade da unidade de ensino vem mudando.
No local foram plantadas fruteiras, canteiros com hortaliças e até plantas medicinais. Tudo isso em um só lugar. E o melhor: produzindo. O tomate, o jerimum, além do cheiro-verde, couve e alface saem da horta para a cozinha da escola. “Os alunos têm acesso ao mamão, banana, maracujá, acerola. Os pés de laranja ainda estão em crescimento, mas logo, logo vão estar produzindo também”, comenta o diretor da unidade, Renato Torquato, ressaltando que tudo foi plantado e tem o manejo dos próprios alunos. “Eu gosto de jerimum, e aqui agora tem. Nossa merenda e almoço ficaram bem mais gostoso”, disse o estudante Sérgio Pereira, 10.
Autonomia
As tarefas e cuidados da horta são divididos. Os alunos são monitorados pelas cozinheiras e funcionários da escola. “A gente tem alimento mais saudável. Dá gosto a gente limpar, molhar cada plantinha dessas. É bem legal. Antes eu não acreditava muito, mas agora que estou vendo os resultados, estou bem empolgada. As plantas crescem rápido”, acrescenta a estudante Maria do Carmo Pereira, 14.
De acordo com coordenador de projeto do Instituo Elo Amigo, Claudenê Lima, entidade responsável pela execução das ações e atividades, o projeto é piloto e vem apresentando um resultado muito positivo. “Inicialmente, duas escolas, uma do Baixo da Donana e outra na Vila Mel, em Jucás, foram as primeiras a receberem os projetos que são desenvolvidos em parceria com Fundação Avina, Articulação para o Semiárido – ASA, executados pelo Elo Amigo. As unidades contempladas ganharam uma cisterna para o consumo humano e o sistema de reúso de águas servidas”, comemora.
Garantia hídrica
De acordo com o secretário de Educação de Jucás, Aurélio de Souza, as unidades na zona rural enfrentam muitas dificuldades por causa crise hídrica. Uma delas era a Artur Alves Cabral, que mesmo com um poço, cuja água é salobra, portanto inviável para o consumo. “Com a cisterna que capta água da chuva, a escola passou a ter essa garantia hídrica. Apesar das chuvas irregulares, o reservatório ficou para cima do meio com as chuvas que deram na região. E com o reúso de águas cinza, vem ajudando na alimentação através da produção. E o melhor é que estão produzindo e vendendo o excedente para a própria comunidade”, ressaltou. Segundo o gestor, a ideia é levar o projeto para outras unidades escolares, como a Escola Antônio José de Melo, na Vila Mel, que era abastecida por carros-pipa, e também recebeu os projetos.
E mesmo economizando, a água acaba sendo afetada. A diretora Alcione Palácio relata que a demanda por água é grande e que a cisterna vai amenizar a situação. “Nós estamos passando pelo sexto ano de seca, e a escola acaba sendo prejudicada. Tanto a cisterna e o sistema de reúso irão proporcionar melhorias para alunos e professores, que poderão mudar o cenário e viver melhor no semiárido”, esclarece Alcione.
Ernaldo de Carvalho, membro da Comissão Municipal de Convivência com o Semiárido, disse acreditar na iniciativa e que os resultados estão sendo vistos. “O uso de novas tecnologias simples podem garantir o abastecimento hídrico e a autonomia das escolas”.
Mais de 100 pessoas, entre alunos, professores, diretores, familiares, parceiros e lideranças comunitárias, receberam capacitações em gerenciamento de recursos hídricos escolares.
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