Por Francisca Helenita Oliveira Silva *, Lucas Farias Pinheiro* e Bruno Edson Chaves**
(Alunos (*) e professor (**) da Universidade Estadual do Ceará)
A caatinga é frequentemente marcada por chuvas concentradas em apenas uma época do ano e por secas severas; a baixa disponibilidade hídrica dificulta a agricultura e limita a produção de alimento no semiárido durante boa parte do ano, mas será mesmo?
Algumas ações feitas pelo homem, como a agricultura, pecuária extensiva, construção de barragens, desmatamentos para construção de suas monoculturas, e as características do clima dessa região contribuem de forma negativa, tornando assim a Caatinga ainda mais árida. Por outro lado, diferente desse pensamento, algumas instituições, universidades, ONGs têm realizado projetos e ações de “convivência sustentável com o semiárido” junto as comunidades tradicionais, que são as famílias de agricultores. Uma das propostas é cultivar plantas frutíferas da região, hortaliças e plantas medicinais e criar pequenos animais em quintais produtivos, que são áreas dentro ou próxima à residência da família agricultora, destinados a criação de pequenos animais com manejo adequado como aves, caprinos, ovinos e porcos, bem como a retirada de lenha para seus fornos e fornecendo assim alimentos para os camponeses.
Essa proposta de quintal produtivo vai muito além de cultivar para o consumo próprio, é um indicativo de atender de forma simples e fácil a Soberania e Segurança Alimentar (que é a garantia a todos ao o acesso a alimentos de qualidade com base em práticas alimentares saudáveis) de famílias camponesas. A proposta de quintal produtivo tem se configurado numa troca de saberes entre o conhecimento popular e científico, produzindo diálogos e ferramentas importantes na construção coletiva em comunidades do semiárido, criando assim estratégias para viver com um desenvolvimento sustentável.
Você já imaginou conhecer as origens e a forma de produção do seu alimento e ainda abastecer sua cozinha com vegetais frescos, livres de produtos químicos? É isso que a Dona Francisca e demais moradores da comunidade de Sussuí, situada no distrito de Juatama, têm feito em seus quintais em pleno semiárido nordestino. O município localiza-se em Quixadá, cuja característica mais marcante à nível geológico, são os monólitos. Sussuí apresenta clima seco com altas temperaturas durante o dia e baixas à noite e elevados índices de evaporação, tornando assim a região seca, tornando essa região propicia a ter estiagem. A vegetação dessa região é a caatinga.
Vale ressaltar que, com pouco ou nenhum investimento financeiro, é capaz ou possível de se fazer um quintal produtivo. Citando apenas alguns dos alimentos dos quintais produtivos dos moradores de Sussuí: tomate (Solanum lycopersicum), salsinha (Petroselinum crispum), cebolinha (Allium schoenprasum), alface (Lactuca sativa), rúcula (Eruca sativa), agrião (Lepidium sativum), banana (Musa paradisiaca), acerola (Malpighia emarginata), mamão (Carica papaya), coqueiro (Cocos nucifera).
Além de ser lugar de pequenas culturas sustentáveis, o quintal produtivo pode também se configurar ambiente de aprendizado através da observação entre as interações das plantas e insetos, onde se pode contemplar o tempo de cada vegetal e animal, daí entender e respeitar que a vida do ambiente natural tem seu momento de maturação e estações próprias, aprendendo assim a respeita-las. Através do seu quintal produtivo você também reduz gastos com alimentos comparados, podendo, inclusive, vender o excedente, além de ser um local de reciclagem de toda a matéria orgânica gerada na sua casa, diminuindo os gastos com adubo.
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