Uma comitiva da Campanha Nacional de Escolas da Comunidade – CNEC esteve em Iguatu para visitar a antiga sede do Colégio Ruy Barbosa nesta quinta-feira, 20. O grupo, composto por engenheiros, representantes jurídicos e pelo coordenador de Educação Básica da Rede CNEC, professor Júlio Henrique da Cunha Neto, estuda a possibilidade de uma parceria com o município para reativar o prédio.

Segundo Júlio Henrique, a visita marca o início da formalização de uma parceria com a prefeitura para voltar a atender a comunidade de Iguatu. No entanto, ele não deu detalhes sobre como a retomada das atividades será realizada.

A reportagem apurou que a retomada das atividades deve ocorrer no modo público à população a princípio no formato de creche e séries iniciais, com financiamento viabilizado por meio de parcerias e recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb). A contrapartida do município incluiria a oferta de alimentação e fardamento para os alunos. Os representantes da CNEC pretendem concluir a limpeza e reforma do prédio até maio deste ano.

A CNEC foi procurada para mais esclarecimentos, mas até o fechamento desta edição, não obtivemos resposta.

A secretária de Educação de Iguatu, Nathalia Bastos, ex-aluna do Ruy Barbosa, comemorou a possibilidade de retorno das atividades no local, que hoje encontra-se em estado de abandono. “É uma esperança para a comunidade ver esse espaço novamente em funcionamento”, afirmou.

A visita da comitiva foi resultado de um chamado da Câmara Municipal de Iguatu junto ao deputado federal André Figueiredo, que articulou o encontro com diretores da CNEC em Brasília. O vereador Diego Felipe, autor do requerimento, celebrou o avanço das tratativas. “Esse espaço é um patrimônio que em breve acredito que vai retornar a servir ao povo de Iguatu.

Histórico de tentativas de retomada

Em fevereiro de 2023, uma comitiva da CNEC já havia visitado Iguatu para avaliar o estado do prédio e discutir possíveis caminhos para sua utilização. Entre as opções cogitadas, estavam uma parceria via convênio com o poder público estadual ou municipal, ou até mesmo a venda do imóvel à iniciativa privada.

Relembre

No final de 2019, o Colégio Ruy Barbosa encerrou suas atividades, juntando-se a outras instituições tradicionais da cidade que também fecharam suas portas, como o Colégio Diocesano, o Colégio São José e a Escola Brasil.

Grupos da comunidade local ao longo dos anos chegaram a discutir a possibilidade de provocar o poder público para que o prédio seja reconhecido como bem de uso essencial e mantido sob administração municipal. Nos últimos anos, ainda houve tentativas de repassar o imóvel, mas sem avanços concretos.

O legado

Fundado no início dos anos 1960, o Colégio Ruy Barbosa foi pioneiro no ensino privado acessível na região, atendendo alunos de diversas cidades do interior cearense. O educador Dr. Edson Gouvêa liderou a instituição por mais de 40 anos, sendo referência em qualidade de ensino e disciplina. Com sua morte, o colégio passou a enfrentar dificuldades, incluindo a queda no número de matrículas, levando ao encerramento das atividades.

Na época, a CNEC justificou o fechamento como resultado de uma análise de viabilidade financeira, citando a concorrência no mercado privado, a relação entre número de alunos e corpo docente, e a inadimplência acumulada. Também pesaram os desligamentos de professores e diretores históricos da instituição.