Títulos diversos que incluem literatura brasileira, francesa, obras de filosofia, genealogia, sociologia, autoajuda, geografia, história, romances policiais, ciências e até psiquiatria, além de publicações locais e regionais. Tudo isso fez do sebo de Marcos Alexandre um espaço mesmo que virtual preservação da cultura e valorização da obra impressa.

No segmento on-line, o professor Marcos Alexandre comemora o primeiro ano de seu acervo.  Os sebos no contexto geral ultrapassaram o período de pandemia, atrelando-se ainda mais ao tecnológico. “Os donos de sebos, mesmo os mais antigos, em geral possuem a assistência de filhos e netos. Com a pandemia, essa junção se fez ainda mais necessária para que os livreiros pudessem continuar mantendo o seu ganha-pão. É verdade que ainda existem sebos que funcionam apenas da forma antiga, no local físico. Mas a tendência é que isso mude. Creio que a divulgação dos sebos no mundo virtual veio para somar”, declarou.

Em um cômodo de sua casa, um ambiente organizado de obras raras e antigas, é possível encontrar trabalhos biográficos além de gravuras. Em sua casa ele recebe amigos próximos, mas o conteúdo é disponibilizado por meio de uma ‘loja virtual’ na rede social Instagram com o endereço @sebo_centrosul. “Estou convencido de que o nosso maior avanço foi justamente não estacionar, não se acomodar com o êxito da “novidade”. Procuramos durante este primeiro ano de existência inovar no acervo, sempre ouvindo os clientes e suas demandas. Embora tenhamos um público específico, no geral, e façamos parte de certo nicho, sempre estamos diversificando o material, inovando, estudando como funcionam os sebos e livrarias. Já atendemos dezenas de leitores desassistidos, já é algo que ficará na memória da cidade e região”, disse.

Com um conteúdo de quase 2 mil peças, ele agrega ainda livros infantis, HQs, vinis, CDs e revistas. “A nossa demanda é vasta, hoje. Trabalhamos também com encomendas e costumamos garimpar livros em locais diversos. Os pedidos vão desde raridades, obras que marcaram a infância e adolescência da pessoa, a obras mais técnicas e acadêmicas. É claro que ainda temos uma demanda muito forte por livros clássicos de literatura e filosofia, por exemplo. Entretanto, à medida que atendemos a novos nichos, nossa demanda só tende a aumentar.

Neste primeiro ano já foi possível encontrar preciosidades. “Costumo destacar as edições antigas, em capa dura. As edições da Abril Cultural, por exemplo. Já passaram por aqui também antologias escolares da década de 60, como a organizada pelo Marques Rebelo. Livros históricos da cidade de Iguatu e região – como o livro de Alcântara Nogueira, “Iguatu: Memória Sócio-Histórico-Econômica”, que é raríssimo. Ou ainda o livro “A tragédia do Orós”. Estamos sempre encontrando raridades nos garimpos”, completou.

Marcos não descarta criar um lugar físico e quem sabe desenvolver um portal ou aplicativo que agrupem a gama maior de produtos expandindo o negócio para clientes não só de sua região, mas de todo país. “Um dos meus propósitos é despertar nos alunos o gosto pela leitura. O sebo ainda está começando. Ainda tenho projetos para melhorar a página. Mas já tenho clientes e pessoas interessadas”, afirmou.

Celebração

Uma conversa com leitores e com o tema “memórias sobre livros e livrarias”, sorteio de livros, e venda do acervo foi celebrado no campus Humberto Teixeira, o primeiro ano do sebo, nesta sexta, 10. “Os sebos são a resistência da tradição. Do verdadeiro cânon da literatura. Quem ama os livros antigos sabe que o livro é um objeto espiritual, real, e jamais será substituído por e-books ou outras aberrações ridículas da Modernidade”, afirmou Everton Alencar, professor e convidado do evento.