É muito comum, pelo menos tornou-se mote no último biênio, ouvirmos falar em democracia e respeito em meio a um caloroso debate político. Mas, o que isso de fato significa? Será que, verdadeiramente, o espaço para o debate é realmente livre? Os pensadores opositores estão em uma arena de confronto onde as hostilidades terminam em pura amistosidade ao titilar de copos de cerveja?
Infelizmente, caro leitor, a realidade é outra. Na prática, sabemos que a supressão às linhas conservadoras e liberais há muito não são ouvidas; sufocadas, isso sim, pela corrente esquerdista apregoada há décadas em nosso país. Talvez alguns que acompanham estas linhas pensem: “É exagero, cronista ‘fascista!’”. Posso propor algum ponto, a título de exemplo, para que o leitor possa refletir sobre. Vamos a ele.
Não é preciso ser um perspicaz observador para logo chegar à conclusão de que difícil coisa é encontrar um jovem de direita. Observem os bares alternativos da cidade: estão apinhados de críticos problematizadores que leem pouco, mal e péssimos livros, mas, para eles, isso já basta para criticar, com ares de superioridade, o governo, o sistema, o status quo… enfim, o estado de coisas. Pensam estarem vivendo numa espécie de Woodstock do século XXI, com suas roupinhas cafonas, vintage… ocorre que a geração de 1960 tinha mais conteúdo, razão crítica e cérebro.
Pois bem. É justamente em meio a este caldo disforme, incerto, destituído de valores norteadores da conduta moral conservadora, que o nosso jovem está inserido. As inovações trazidas por essa trupe, buscando tudo racionalizar (na semântica negativa da palavra: ausência de sentimento), tudo inovar (outra semântica negativa: abandono ao tradicionalismo) e renegar os valores – passados de geração para geração – por meio do que chamam de “desconstrução”.
O direitista, obviamente, coitado, se verá “órfão de amigos”; não se reconhecerá em meio a essa pandega matusquela e barulhenta. É aí onde reside o cerne do problema. Imagine agora esse mesmo jovem inserido no seio dessa algazarra de mentes ocas! Certamente será aviltado. O que a turminha canhota chama de democracia, não passa de respeito aos seus, aos que pensam como eles. Se há quem pense diferente – o jovem de direita, por exemplo –, será prontamente atacado por epítetos nada nobres como fascista, homofóbico, misógino… Assim, sem nenhuma razão justa e lógica!
Como sei de tudo isso? De onde me vem tal concepção? Puro empirismo, caro leitor… puro empirismo. Também eu vivenciei similares dissabores circunstanciais – e ainda os vivo. Pude constatar que não há democracia quando não há honestidade intelectual. Usam de simulacro de verdade, isso sim. Mas, emulação alguma substitui o respeito pelo conhecimento e a sua busca honesta. Fuja, caro leitor, desses que se dizem detentores da árdua missão de defender as “ minorias”. Não acreditem em quem se acha gente do bem. São sempre os piores. Não respeitam as diferenças que tanto pregam – como já sabemos, respeitam apernas as diferenças dentro daquela linha ideológica por eles defendida.
Democracia (não apenas política) é algo que não se pode esperar de quem não entende o seu real significado. Ressentidos não respeitam a democracia. Não debata com quem joga sujo. Ao jovem conservador, uma dica: leia os grandes autores conservadores e liberais. Estará com isso munido contra as alegóricas “carroças vazias” que perambulam a esmo, em bandos, pela nossa cidade.
Cauby Fernandes é contista, cronista, desenhista e acadêmico de História
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