Uma roda de conversa bastante participativa com diversos representantes de entidades de classes, sociedade civil, filhos e filhas do templo religioso, estudantes de faculdades, alunos dos cursos de psicologia, pedagogia entre outros, além de professores do Instituto Federal do Campus de Iguatu e convidados, que participaram de mais um encontro no Ilê Axé Ogum Onirê, no bairro Bugi.
O tema desta vez no templo religioso de matriz africana foi a “Desconstrução de arquétipos do senso comum sobre a afrodescendência”. “Na roda de conversa foi discutido sobre esse senso comum que existe nas religiões de matriz africanas que predominam em todo o território brasileiro, como coisa maligna ou religião de negros, marginalizados e periféricos, o Instituto tem como meta realizar de forma progressiva esses momentos de conversa e formação para desmitificar esse imaginário sobre a religião do candomblé e Umbanda como parte de seu objetivo social”, destacou o ministro religioso do Ilê Axé Ogum Onirê, professor Lúcio Oliveira.
Em conversa com o A Praça, professor Lúcio Oliveira, como é conhecido, destacou a importância desse momento, agradecendo a participação de todos os presentes. “A nossa roda de foi assim bastante diversificada. Uma coisa que chamou atenção foi que um grupo partidário mandou representantes, a Defensoria Pública no Iguatu, iria mandar também, mas a pessoa ia representar de última hora teve o imprevisto de saúde com alguém da família e não pôde vir, mas muitos servidores públicos, muitos estudantes de nível superior, muitos profissionais liberais também. A nossa roda de conversa é sempre sobre a questão de quebrar os paradigmas de preconceito de intolerância para esclarecer as pessoas, mostrar a realidade. Um pouco da nossa religião, tanto do candomblé quanto da umbanda. Então foi bastante participativo.”
Apoteótico
O ministro religioso pontua ainda a importância do assunto diante de trabalho que é feito há vários anos, para desde sempre desmitificar os preconceitos contra a religião de matriz africana. “Para mim, viver esse momento é assim apoteótico, porque foi um evento num dia de sábado, quando acontecem inúmeras outras atividades, são chamativas para pessoas se divertirem, e as pessoas estarem aqui num terreiro de candomblé, de umbanda querendo conhecimento, querendo desmistificar a religião isso é espetacular. Isso demonstra que um trabalho que a gente já vem fazendo que não é de hoje, nós já temos mais de trinta anos de militância e agora estamos colhendo os bons frutos, pessoas formadoras de opinião inclusive vindo participar”, ressaltou.
O professor afirma que o espaço estará sempre à disposição. “Eu espero que fique claro que as nossas portas estão abertas, não só pro PSOL que mandou sua representação, mas para qualquer outra sigla partidária. Esclareça-se que o ministro religioso do Ilê Axê Ogun Onirê, não é filiado a nenhuma sigla partidária. Tem o seu trabalho político, tem as suas convicções políticas, mas dentro da questão religiosa é preciso que se entenda que_todas as pessoas que têm interesse em esclarecer, quebrar paradigmas, vencer o preconceito, todas essas pessoas sempre serão muito bem acolhidas na nossa casa independente de convicção religiosa, independente de convicção político partidária, nós estamos aqui para receber e colaborar da forma melhor possível.”
Outros encontros acontecerão no templo religioso Ilê Axê Ogun Onirê, como destaca o religioso. “Daremos continuidade sim. Teremos continuidade porque foi até uma reivindicação dos participantes. Muitas informações que ficaram sem ser dadas por conta do tempo, torna-se muito cansativo, a gente precisa dosar tempo com quantidade de informação. Vamos fazer um segundo momento provavelmente desse mês de abril, além disso vamos dar continuidade a mesa de conversa e já estamos no planejamento de atividades com estudantes de nível superior das diversas instituições do município de Iguatu. A seu tempo nós estaremos procurando essas instituições e divulgando o nosso trabalho junto aos seus estudantes”, concluiu.
Saiba mais
O Ilê Axé Ogum Onirê africana tem 24 anos de existência em Iguatu. É vinculado ao Instituto de Valorização da Cultura Afro-Brasileira e tem assento no Conselho Estadual da Igualdade Racial, da Secretaria de Estado da Igualdade Racial do Governo do Ceará. Dentre outras atividades, essas entidades têm desenvolvido trabalhos educativos de enfrentamento às questões relativas às diversas formas de racismo em na sociedade iguatuense. “O nosso terreiro agora tem um assento no Conselho Estadual da Igualdade Racial. Existe a Lei estadual que na época o então governador Camilo Santana, assinou pra instituição do Selo Município Sem Racismo e a lei é muito clara o poder público municipal é obrigado a instituir um trabalho educativo permanente de formação serviço pra toda a sua municipalidade e também, todo o setor educacional do município pra poder ter um município se candidatar ao selo município sem racismo e o conselho é um dos avaliadores desses municípios para poder então conceder o selo”, destacou o ministro religioso Lúcio Oliveira.
Perfil
Lúcio José de Oliveira é especialista em desenvolvimento agrícola pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), mestre em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e doutor em fitotecnia pela Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA). Atualmente é professor titular do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) campus Iguatu. É ministro religioso do Ilê Axé Ogum Onirê.
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