Rua Beira Rio vira filme com histórias contadas pelos próprios moradores

02/12/2023

O minidocumentário está disponível no YouTube, no canal da produtora Alexia Duarte e conta em trechos histórias da Rua Beira Rio, no Bairro Vila Neuma, e de moradores. É o primeiro documentário feito pelo coletivo dos moradores do bairro. A ideia surgiu de conversas de Dauyzio Silva, estudante de Biologia, ativista social e ambiental, nascido e criado na comunidade, que fica a margem direita do rio Jaguaribe.

“O olhar dos moradores, contado por eles mesmos, suas histórias de vida se confundem com a da Rua Beira Rio”, contou Dauyzio que fez parte da produção do filme. “Fantástico! É sempre muito prazeroso fazer atividades como essas, com uma galera massa, numa comunidade menosprezada, mas que é tudo de bom, os moradores, o espaço, as histórias… Que venham os próximos”, pontuou, empolgado, afirmando que novos projetos virão, graças ao apoio e incentivos recebidos partindo primeiro dos moradores, participantes, e o apoio fundamental para a elaboração, instrução e execução da fotografa e produtora cultural Alexia Duarte, do Cultura no Largo, Cine Alicerce (UECE/FECLI), Secretaria de Cultura de Iguatu, e das escolas estaduais Lucas Emmanuel e Filgueiras Lima.

Com a orientação da fotógrafa e produtora cultural Alexia Duarte, os participantes, moradores da rua, sugeriram e escolheram os assuntos do roteiro que foi abordado com os personagens e imagens. A ideia é que o projeto incentive novas produções, trazendo mais os participantes para a área do audiovisual, como pondera Dauyzio Silva. “A gente tem um preconceito muito grande que a comunidade sofre. E mostrar essa história é importante pra gente, para as pessoas se reconhecerem quanto indivíduos e para que a sociedade também reconheça a gente. Outra coisa também é que esse documentário foi fomentado por outra necessidade. Está acontecendo agora o Edital de Incentivo à Produção Audiovisual pela Lei Paulo Gustavo, então a perspectiva era capacitar essas pessoas da comunidade para produção desses materiais e assim a gente garantir, ao mesmo tempo, uma exposição melhor com outra visão, feita pelos próprios moradores como também ter pessoas na comunidade produzindo material. A gente sabe da importância da indústria cinematográfica que pode ter aqui produtores, diretores, roteiristas, pessoas que vão construir filmes, contar histórias através do audiovisual. Isso é uma ferramenta importante de inserção social e também econômica, dessas pessoas”, destacou Dauyzio.

“Fiquei muito feliz quando Dauyzio me convidou para ministrar o curso. Ele conhece meu trabalho de longa data e confiou em mim para que eu pudesse levar esse conhecimento para os jovens de Iguatu. Tivemos uma aula intensiva da teoria e depois fomos para prática. O resultado foi surpreendente e eu fiquei muito feliz com a entrega dos alunos. Espero continuar contribuindo para os próximos projetos”, destacou Alexia Duarte.

Trabalho documental e social

Para a jovem universitária Camila Corrêa, moradora da rua Beira Rio, foi momento importante. Ela já tem alguns trabalhos voltados para o audiovisual e aproveitou a oficina para se aperfeiçoar. A ideia de fazer o filme, não é só um trabalho documental, mas social, quando são apresentados problemas enfrentados ainda na atualidade desde o surgimento da comunidade, da Rua Beira Rio, falta de saneamento básico, descarte incorreto de lixo, degradação da mata ciliar, poluição do próprio manancial. “Por incrível que parece, pessoas de outros bairros, outras ruas jogam lixo, esgoto no rio, não nós que moramos aqui na Rua Beira Rio, pelo contrário, buscamos aproveitar as margens para fazer espaço de lazer, plantios de hortas, tirar material de reciclagem”, lamentou Camila, falando da importância desse trabalho que busca mostrar para todas as pessoas como é a vida na rua que integra parte do principal ‘cartão postal’ de Iguatu que é a ponte férrea. “O minidocumentário teve o poder e a potencialidade de representar não somente as histórias da época de enchentes, mas também o que rua enfrenta e toda a galera que estava por trás que veio para as aulas se empenhou 100% para fazer com que esse documentário saísse o melhor possível. E saiu, porque foi produzido em dois dias e o resultado parece ser de muito tempo. As gravações ocorreram muito rapidamente, mas foi um tempo rápido e que deu pra gente aproveitar tudo o que Alexia estava ensinando. Então foi rico em todas as partes. O prazer de representar comunidade, o prazer de representar os moradores da rua Beira Rio e o prazer também de aprender, aprender o que pode levar a gente para exibir mais desse público, para gravar mais esse público, para fazer mais materiais do audiovisual que leve a história de muitos moradores que querem por um momento ser vistos, mas o mundo quer que sejam esquecidos. Todavia, a gente não vai deixar que isso aconteça. Esses momentos, essas exibições, esses cursos, são justamente para fomentar essa vontade que os jovens querem aprender, que querem representar o seu público, a sua família e as negligências de vividas na tela. Essa foi a oportunidade de fazer isso”, ressaltou.

Camila afirmou ainda que através desse trabalho estão surgindo novas ideias que poderão ser transformadas na prática. “E como moradora dessa rua pude perceber e receber os aplausos, os sorrisos, os apontamentos quando viu os vizinhos na tela. Então foi de uma imensa gratidão que ficou no nosso peito a cada um que participou desse documentário, da edição, do trabalho geral, pode se sentir contemplado. Cada obrigado foi muito acolhedor pra gente. Foi uma resposta de que querem mais, e querem que isso seja feito durante o ano todo e não somente uma vez na vida.”

Representatividade, resistência, resiliência

Em apenas dois dias de elaboração e muito trabalho a equipe conseguiu transformar horas de captação de imagens e sons em um filme, curto, apenas com 8 minutos, mas bastante representativo. A ideia é ‘melhorar’ ainda mais o material bruto disponível para quem sabe inscrever o filme em editais e festivais de incentivos à produção audiovisual. “Foi um minidocumentário rico de histórias, de representatividade, de representações dos moradores e a gente pode contar com mais uma exibição altamente qualificada para esse público e que eles puderam se assistir na tela, e que puderam ver um pouco da história da sua rua que querem que seja esquecida, mas que não pode ser esquecida. Os moradores carregam muitas histórias, principalmente história de resistência, de resiliência e que é uma rua que é altamente inteiramente administrada pelos próprios moradores. Os moradores acabaram aproveitando espaço que deveria ser uma pracinha para o público infantil, jovem, idoso e acabou sendo um espaço de lixo, mas que os moradores que souberam acolher e fazer aquele espaço uma área para tirar o seu sustento, tirar uma comida, que hoje é uma área coberta de canteiros e uma área coberta de espaço com plantas, com reciclagem e os moradores souberam fazer de um descaso, um caso muito bom”, finalizou Camila.

Para assistir ao filme, basta acessar o link do YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=dWlJ9jkyfHM

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