Existem histórias que ainda não foram contadas. Histórias de heroísmo, sacrifício, renúncia.
Sobretudo num mundo onde somos bombardeados, diariamente, pelos grandes embates políticos, pelos escândalos nacionais, pela fofoca gratuita.
Escapa-nos o pequeno grande ato: o estranho que nos socorre sem interesse; a dona de casa que alimenta os animais de rua etc.
Se esses “pequenos” atos já são grandes em si, imaginem atos realizados numa tragédia de proporções bíblicas! Uma calamidade pública que gerou comoção nacional.
Nesse cenário sombrio – as enchentes no Rio Grande do Sul, Iguatu pôde contar com um de seus filhos.
Samaronny ou Sam, como é conhecido, é filho de Malvina do Alto do Jucá. Graduado em Direito e Enfermagem, é o primeiro e único profissional da saúde, na região Centro-Sul do Ceará, a fazer parte do CIOPAER (coordenadoria integrada de operações áreas) e faz parte do ” Esquadrão Fênix”, umas das seleções mais rigorosas do Brasil.
Sam serviu no terceiro regimento da cavalaria de guarda do exército brasileiro.
Passou 18 dias morando numa barraca na base aérea em Canoas (BACO).
Além do frio e do sofrimento enfrentados, seu testemunho dá conta de humanidade dos voluntários e da bravura dos profissionais que, mesmo sem ter o reconhecimento midiático das celebridades, deixaram seus lares para cumprir com o chamado: servir.
Em Senimbu, cidade gaúcha, Sam relata que 70 por cento da população foi afetada pelas enchentes. No entanto, a experiência que mais o impactou foi quando tiveram de, junto a força aérea brasileira, esvaziar um hospital e transportar os enfermos de uma cidade à outra.
O relato feito por Sam mostra a devastação que muitos brasileiros sofreram, para além dos cliques das câmeras.
É bem verdade que o nome de Sam está atrelado à luta. Participou de várias manifestações em prol de melhores condições para os profissionais da saúde.
Sam é faixa preta de jiu-jitsu e gosta de ditados antigos. Diz que quem salva é Deus, e que os profissionais da saúde são apenas instrumentos
Deve ter em mente a frase de Guimarães Rosa: “Deus mede a espora pela rédea”.
Ou noutros termos, cada um recebe a carga que suporta.
Independente de futuras contribuições locais, fica aqui registrada sua história de cumprimento de sua vocação.
Marcos Alexandre: Pai de Edgar, leitor, Professor de literatura e redação, cinéfilo e aspirante a escritor.
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