Saudade de vó nunca passa

30/10/2021

 

Patrícia Gomes Sampaio
Advogada

Eu estava preparando o almoço e, naquela terça-feira sem gosto, resolvi acrescentar uma colher de chá de margarina ao arroz e feijão requentado. Se infância tem gosto, esse é o da minha. As lágrimas despencaram sem eu perceber, a saudade apertou e uma lembrança imediatamente me invadiu: Minha mãe sem saber o que fazer para eu comer “comida de panela” e minha avó materna amassando todo o alimento com uma colherzinha de amor (ou seria de Qualy?), sedimentando o prato e afirmando que iria dividir a “casa” em “cômodos”, para eu comer tudinho (e funcionava! Eu comia a sala, o quarto, a cozinha…). Saudade de vó é algo tipo mistura de arroz, feijão, margarina e lágrima. Saudade de vó nunca passa.

Um dia desses, minha sobrinha mais velha disse que visitou a casa avoenga no dia da missa de sétimo dia de falecimento de sua avó paterna. Que entrou no quarto dos avós (sentiu “o cheirinho dela”) e que a foto de quando ainda era bebê continuava colada na porta do guarda-roupas. Ainda estava tudo lá, como ela deixou. Eu estava com os olhos marejados e afirmei que saudade de vó nunca passa. Eu tinha praticamente a mesma idade que a Stephanie quando minha avó materna se foi e eu sinto sua falta todos os dias.

Dei spoiler: Com o tempo, essa falta que a gente sente ganha formas distintas… a tristeza vai embora e fica a marca da principal característica da pessoa. Minha avó “Miúda” era pura alegria, então, na maioria das vezes, minhas memórias garantem boas risadas. A avó “Icleide” era pura ternura e assim, muito provavelmente, será a lembrança.

Acrescentei que a tristeza passa e a saudade ameniza com bons sonhos. No último sonho que tive, eu pude dizer o quanto estava com saudade e dei um abraço tão forte que estalou todo o seu corpinho. Logo que me distraí, ela sumiu. Acordei com a sensação desse abraço, pousando a mão direita sobre o coração e a esquerda em cima da direita.

Thomas Campbell afirmou que “não é morrer viver nos corações que ficam” – e elas vivem aqui, no nosso amor infinito, com suas agulhas de crochê e de costura.

Em memória de Eunice e Icleide.

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