Fabiana e o marido Francisco Félix diariamente estão nos balcões de verduras, cuidando da produção no quintal da casa deles, no Sítio São José, zona rural de Iguatu. Mas isso só foi possível depois da instalação da cisterna de enxurrada, há sete anos. O equipamento, que tem capacidade para armazenar 56 mil litros, capta água da chuva e é voltado para a produção. “As águas vêm da estrada, desse serrote aqui na frente, passam por dois decantadores e chegam bem limpinhas na cisterna. Tem a coloração barrenta por causa da terra, mas é limpa e boa demais. A gente usa pra aguar os canteiros de verduras”, explicou Francisco Félix, agricultor, ressaltando a importância da tecnologia que ocupa uma parte do quintal da casa.
E no quintal do casal há outras tecnologias produtivas, um sistema de reuso de água de água servida e um criatório de minhocas, além da cisterna que armazena água para beber. A segurança alimentar da família e até renda extra com a venda do excedente produtivo melhoraram depois que passaram a produzir o próprio alimento. “Hoje a gente come bem, porque é daqui dos canteiros que tiramos verdura, uma fruta. Tem uma galinha, tem de tudo um pouco pra gente comer e vender também. Dá pra ganhar um dinheiro bom extra, porque antes a gente só tinha o bolsa família. E a gente come produtos sem agrotóxicos e o que sobra vende para nossa vizinhança”, destacou Fabiana Oliveira.
Não diferente, o agricultor Raimundo Araújo, no Sítio Várzea de Fora, no Distrito de José de Alencar, que tem uma cisterna calçadão, instalada há 4 anos, passou a produzir verduras e a cultivar até tomate. Tudo isso graças à cisterna. “É uma riqueza pra gente. Essa cisterna tem ajudado muito, porque antes eu tinha que correr atrás de um terreno ou outro que tivesse água para produzir uns canteiros de verdura. Com a cisterna, fico por aqui mesmo. Usando bem, aquenta boa parte do ano. Mas eu nunca deixo ela secar. Quando as chuvas acabam para não correr o risco de rachar, eu tenho todo esse cuidado com ela”, ressaltou o agricultor.
Qualidade de vida e segurança alimentar
A Secretaria de Desenvolvimento Agrário – SDA está fazendo um levantamento sobre a utilização de cisternas de placas voltada para produção agrícola. Cerca de 80% das famílias que fazem o uso da tecnologia relatam que o reservatório tem contribuído com melhoria da qualidade de vida e segurança alimentar da família.
A pesquisa no campo tem justamente esse objetivo: conhecer a situação atual do uso das cisternas de produção e suas contribuições na melhoria da qualidade de vida das famílias rurais que tem essas tecnologias. O estudo ainda está em andamento, mas das cerca de 200 cisternas instaladas, 80% estão em uso e os 20% deixaram de ser utilizadas por alguns fatores externos. “São fatores alheios ao programa. Muitas dessas pessoas tiveram problemas familiar, alguma situação que fizeram “abandonar” de certa forma o programa, além de outro fator que é a escassez de chuva, nos últimos anos, apesar dessa tecnologia justamente não precisar de grande volume de chuva para produzir”, explicou Ednaldo Alves, técnico agrícola.
O levantamento aponta ainda que, em Iguatu, cerca de 2 mil famílias poderiam ser contempladas com o uso de tecnologias de captação de água voltadas para a produção. Segundo Venâncio Vieira, secretário do Desenvolvimento Agrário, esse trabalho vai servir de norte até mesmo para outras ações e acompanhamento mais direto aos agricultores já beneficiados, além de estimular o retorno dos outros agricultores, e de cobrar por parte dos governos estadual e federal novos projetos de construção dessas tecnologias para atender mais famílias.
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