A criação de tilápia depende de água para produzir peixes com qualidade. Mas nos últimos anos o cenário de escassez hídrica principalmente na Região Centro-Sul não tem sido favorável, afetando diretamente a atividade nos principais e importantes reservatórios entre eles Trussu, Orós, Lima Campos, onde a atividade está paralisada. Somente o açude Ubaldinho, em Cedro, que o grupo de piscicultores mesmo com dificuldades continua mantendo a produção do pescado.
“Pra gente o cenário é de incertezas quanto às chuvas. A gente depende dela pra trabalhar, porque tendo mais água no açude a gente consegue produzir bem, mas do jeito que está ficando nossa situação é preocupante”, lamentou o piscicultor Vaniclei Silva.
Há cerca de 13 anos, desde quando foi implantado o projeto de piscicultura no Ubaldinho, que dezenas de famílias passaram a ter a atividade como a principal fonte de renda para o sustento da família. “A gente já chegou a ter uma boa renda, produzia bem, tinha venda certa de sair daqui carradas e mais carradas de peixe. Agora só pinga-pinga, tudo isso por falta de água, agora tem mês que a gente não tira nada. Tudo que é vendido é pra manter o nosso trabalho, mas é o jeito”, acrescentou Vaniclei, mesmo diante das dificuldades se sentindo esperançoso, desde que o projeto foi implantado na comunidade mudou a vida das famílias dos piscicultores.
Perda total
A produção é viável, mas desde que tenha água. Por conta da seca nos últimos anos, a produção da tilápia foi afetada prejudicando a cadeia produtiva do pescado. Em média eram vendidos 12 mil quilos de peixe por mês, atualmente não chega a 3 mil quilos. “O Orós parou, o Trussu parou, o Castanhão parou, praticamente tem só a gente aqui, mas nossa produção caiu muito, os custos ficaram caros, a gente pelo que vende consegue só manter a compra de alevinos e de ração. A gente compra por mais de R$ 16 mil só de ração. Aqui a gente está produzindo um quilo de peixe em média a R$ 9,00, e vem de fora peixe da Bahia, com o quilo a R$ 6,50, isso terminou de matar a gente. Estamos na atividade ainda só pra não fechar e ter prejuízo ainda maior com perda de tudo que já investimos”, disse.
Falta incentivo
Segundo os criadores, faltam incentivos por parte dos governos. O que resta é acreditar e ter esperança na chegada da quadra chuvosa para melhorar essa situação. “A gente acredita que se houver bom inverno, vai ter aumento do volume do açude que está com 25% da capacidade. Se chegar a passar os 50%, no mínimo, a gente espera aumento em torno de 30% na produção”, afirmou confiante o piscicultor Henrique Gonçalves.
Além da seca que atingiu os reservatórios, a produção de tilápia também foi prejudicada quando enfrentou nos últimos três anos a mortandade de peixes que atingiu os criatórios, principalmente do Orós e Castanhão, contribuindo para o fim da atividade dizimando milhões de toneladas de peixes.
“É uma produção viável, mas tem esses riscos, tudo para se produzir peixe depende da água. Já tivemos em nossa região a maior cadeia produtiva de peixe do Estado do Ceará. Nossa esperança está em Deus, que mande chuva para amenizar essa situação, porque mesmo que os açudes encham, voltem a sangrar, vai demorar algum tempo ainda para que a produção volte a ser como era ou melhor ainda por conta das novas tecnologias”, ressaltou o médico veterinário Paulo Landim, que acompanha durante muito tempo a cadeia da piscicultura na região.
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