Rogério Gomes
Correspondente em Fortaleza
A semana na CPI do Motim, na Assembleia Legislativa do Ceará, foi das mais movimentadas com direito a troca de farpas e acusações entre deputados estaduais governistas e da oposição. Em depoimento na terça-feira, dia 5 de abril, à Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga a possível participação de associações militares do Estado na paralisação da PM em 2020, o presidente da Associação dos Profissionais de Segurança (APS), Cleyber Barbosa Araújo, negou que a entidade tenha participado, financiado ou motivado o motim de parte da Polícia Militar naquele ano. Este foi o primeiro depoimento presencial da CPI, que foi instalada no ano passado, mas que, por enquanto, só tinha feito o levantamento de documentos e dados financeiros das associações.
Durante o depoimento da terça-feira passada, os membros da CPI apontaram a movimentação financeira da APS que chegou a sacar em espécie cerca de R$ 2 milhões e 300 mil em um ano. O relator da CPI do Motim, deputado estadual Elmano Freitas (PT) reforçou ainda que esse grupo tem a “prática de sacar dinheiro na boca do caixa, que os seus diretores abrem empresas que nunca funcionaram” e que no depoimento da testemunha ficou evidenciado que a APS financiou o transporte de policiais para os protestos que geraram o motim no Ceará.
Elmano de Freitas afirmou que a Associação dos Profissionais de Segurança (APS) faz parte de “um braço político de um grupo político partidário”, da qual integram o deputado federal Capitão Wagner (União Brasil), o deputado Soldado Noelio (União Brasil) e o vereador de Fortaleza, Sargento Reginauro.
O depoimento de Sargento Reginauro na CPI do Motim estava marcado para a última quarta-feira, dia 6, mas acabou adiado. A oitiva deverá acontecer nesta semana.
Resposta à CPI
Em resposta à declaração do deputado estadual Elmano de Freitas, que relata a CPI do Motim, Capitão Wagner disse que “não é de se estranhar que parte dos deputados da Casa estejam utilizando uma CPI para fins eleitorais, em razão do pleito que se aproxima. O eleitor não é bobo e o cearense é mais inteligente do que eles pensam e, também por isso, não caem mais nesse jogo antigo e retrógrado de quem quer desviar a atenção do que realmente importa, que são os problemas que nós cearenses enfrentamos todos os dias”.
Capitão Wagner, que é pré-candidato ao Governo do Estado pela oposição, ainda disse que “quando presidente da Associação dos Profissionais de Segurança, de 2013 a 2014, modifiquei o estatuto da entidade para que nenhum deputado estadual e federal faça parte de sua diretoria, justamente para evitar que a Associação fosse utilizada para fins políticos”.
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