A Praça – Como pretende trabalhar pela segurança da população, agora como novo comandante do 10º Batalhão da Polícia Militar, que abrange Iguatu e outras 15 cidades da região?
Major Giovane Sobreira – De forma integrada. Eu creio que Segurança Pública é responsabilidade de todos. A forma de ter sucesso nas operações policiais e a sensação de Segurança Pública aumentar é estar integrado com os órgãos com sociedade e instituições. O segredo do nosso trabalho é integração. Trabalhar com a Polícia Civil, Corpo de Bombeiros, moto-taxistas e hospitais. A polícia não vem de um mundo externo, ela é constituída dentro da própria sociedade e pelo governo para que a gente tenha compromisso e cumpra o juramento defender essa sociedade mesmo com sacrifício da própria vida.
A Praça – Como recebe o 10º BPM no âmbito de efetivo policial, viaturas e outros equipamentos para o enfrentamento ao crime?
Major Giovane Sobreira – Há muita coisa ainda ser feita. Mas a nossa logística de viaturas está boa, atende bem a nossa demanda. O efetivo trabalho ainda está razoável. Creio que teremos sim o resultado que queremos com o que temos agora no momento. Há muito a ser feito na estrutura física do quartel. Precisamos dar um upgrade, porque o espaço já tem quase 50 anos e reformas não foram feitas. Mas vamos lutar junto ao governo, da Polícia Militar, da sociedade e do povo de Iguatu para conseguirmos. A Polícia Militar é o patrimônio do povo. Nós que temos que cuidar dela. Temos que nos dar as mãos para servir com qualidade, pois quem trabalha com qualidade e meta consegue resultados.
A Praça – Em 2018, Iguatu registrou uma queda de 20% no número de homicídios em comparado a 2017. Pretende trabalhar em cima de estatísticas?
Major Giovane Sobreira – Eu sou muito ligado às estatísticas. Já mandei fazer levantamento de 3 anos atrás de todas estatísticas do trabalho que foram desenvolvidas pelos policiais e comandos anteriores para que saibamos lidar e diagnosticar o problema e dar o remédio para isso. Meu empirismo já me faz saber que tudo estar ligado ao tráfico de drogas, raramente por questões banais. Tem se avolumando crimes de feminicídio que não se enquadram numa violência urbana. Temos que no momento agora vislumbrar e trabalhar o que incita a violência urbana; os roubos, furtos e droga, porque tudo isso gera boa parte dos homicídios. Nossa meta é reduzir e trabalhar com os dados de anos anteriores e verificar onde temos que trabalhar melhor.
A Praça – Que ações pretende desenvolver para controlar o avanço das facções criminosas que dizem ter mapeado a cidade e dominado, cada facção, uma determinada área territorial?
Major Giovane Sobreira – O Governo do Estado já deu o primeiro passo que foi desmantelar o escritório do crime que é as cadeias públicas e isso não é segredo para ninguém. Aparentemente pode ter custado caro, mas era solução. O crime foi enfraquecido. Nossa meta é atacar as facções, sabemos que ninguém vai zerar, mas vamos assustar. Vou combater incansavelmente o tráfico de drogas e porte ilegal de arma de fogo com toda minha força. Isso vai ser dia a dia, é um processo que não é da noite pro dia. Acredito que em seis meses se não baixarmos os índices, não vão aumentar.
A Praça – Nos últimos meses, o crime tem avançado para a zona rural, quando os criminosos atacam indiscriminadamente os moradores, fazendo as pessoas reféns, agredindo, furtando, e até sequestrando. Como pretende planejar atacar mais esse braço do crime?
Major Giovane Sobreira – A zona rural anteriormente reservava muita coisa dos bons costumes. Hoje a maioria que vai a grandes centros como Minas Gerais, São Paulo, Rio ou sul do país, quando volta, volta com os três jeitos da malandragem com uso da droga e outras situações a mais. Outro fato que aumentou os crimes nessa região é a presença policial na zona urbana e isso faz com que o crime migre para a zona rural. Mas essa região será bem vista pelo comando. Estamos mapeando essas regiões. Já roteamos do que chamam de facções. Eu quero deixar claro para o cidadão e para o bandido que a gente vai para cima deles. Se for para ‘quebrar’, ‘quebra’ eu e ele. Sou fiel a meu juramento: se for para morrer, eu morro com ele. Viver e morrer, a noite, o dia, para mim é a mesma coisa. Eu nasci pro meu trabalho. Se morrer no combate, morro feliz. Fica o aviso para os bandidos: se vier para enfrentar a gente, a gente se enfrenta e se agarra junto.
A Praça – Um dos agravantes da violência em Iguatu é o tráfico de drogas e a circulação de armas de fogo. Mesmo com o trabalho ostensivo da polícia, percebe-se que essas ações criminosas continuam crescendo. O senhor pretende adotar novas estratégias no sentido de inibir esses atos criminosos?
Major Giovane Sobreira – Nossa estratégia é irmanar com nossa Polícia Civil, Poder Judiciário e a sociedade para que possam nos municiar com informações e assim sermos mais participativos. Não precisa se identificar. Às vezes se é vizinho de um traficante que agride a esposa e porque você não liga para a gente? Para combater arma de fogo ilegal e tráfico de drogas queremos dar as mãos com as instituições, para que a gente possa junto, quebrar essa corrente do mal.
A Praça-Qual é o seu perfil como militar?
Major Giovane Sobreira – Tenho nada contra quem é de gabinete. Mas as instituições precisam de gente voltada para operacional, principalmente na Polícia Militar. Aqueles que administram no conforto no ar condicionado, ficam muito aquém da realidade de segurança ou dos trabalhos que desenvolvem em qualquer instituição. É preciso conhecer a feira, prostíbulo, as veredas, saber cada rua em cada cidade, em cada casa, saber os carros que entram na cidade, pois quando perceber algo de estranho, mandar abordar. Esse é o meu perfil. Tenho 30 anos como militar. Já sofri, tomei sol, chuva e vivi histórias. Estive sujeito a muitas situações. Vou dar um exemplo do ‘cidadão da roça’ que quando pega o bode que vai tirar o couro dele, que por mais que tenha habilidade com a faca pode pegar na carne. Por mais que se tenha habilidade no que você faz se pode ir além. E assim é lidar com bandido que está disposto a tudo. Eu não vou para morrer, eu vou para defender a vida dele, a de terceiros e fazer segurança. Se vier para afrontar, eu vou tomar atitude conforme a lei. Vamos para rua e podemos lidar com situações adversas. O bandido e a sociedade têm que estar cientes do nosso perfil.
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