A matéria-prima utilizada pelo serralheiro Renê Campos, de Cedro, são correntes de moto, coroas, molas, pião, platô, entre outras peças que são encaixadas com soldas, cortadas, lixadas, e algumas pintadas. A inspiração vem do gosto de animais. É tanto que a primeira obra feita foi uma coruja. Tem também um jacaré, feito de corrente de moto, que mede do focinho a ponta da cauda 4,20 cm, além de um bonito tucano sobre um “tronco” também de ferro. “Dá um trabalho danado. Primeiro risco no chão a peça que for criar, de acordo com a proporção que quero fazer, sobre esse desenho vou montando a estrutura de ferro, depois soldando, encaixando as peças”, disse.
A última peça feita por Renê foi um cavalo que está em fase de acabamento e recebe as últimas camadas em verniz. O artesão está trabalhando atualmente na montagem de um touro que depois de pronto vai pesar cerca de 500 quilos e terá tamanho natural, como a maioria das obras que faz. “Acho bonito. Gosto mais de fazer do tamanho natural, puxando as características do animal que vou fazer”.
O trabalho de Renê Campos também contribui com a preservação do meio ambiente, isso porque as peças de carros e motos que são descartadas pelas oficinas mecânicas, ele reaproveita criando as esculturas. “Eu acho interessante isso. Trabalho com ele, vejo fazendo. Pelejei para fazer uma, mas não deu. Prefiro ficar ajudando mesmo. Ele tem esse dom”, destaca o também serralheiro Nelson Pereira.
Arte e sustento
Com 15 anos na atividade de serralheiro, somente há 4 anos Renê passou a fazer esse trabalho, os primeiros foram móveis rústicos. Em média, uma peça leva até 4 meses para ficar pronta. A confecção das peças, somente depois do expediente da oficina e aos finais de semana. “Depois das cinco da tarde, quando termino o expediente, vou fazer as esculturas. Fico até tarde às vezes criando as peças. Eu gosto”, acrescenta Renê.
Mesmo antes de prontas, as esculturas despertam a atenção de vizinhos e curiosos, pelo tamanho e riquezas de detalhes. “É um grande artista. Sempre passo por aqui e vejo ele trabalhando. Não conheço outra pessoa com tamanha inteligência, habilidade e paciência para fazer essas verdadeiras obras de arte”, afirma o aposentado Adalbir Gomes.
O preço médio de R$ 200 é cobrado pelos móveis rústicos. Já o valor de uma escultura varia de acordo com tamanho da peça, material utilizado e tempo de trabalho. O cavalo, por exemplo, o artesão pretende vender a R$ 10 mil. “Estou negociando, porque um cavalo desses custa caro e dá trabalho para fazer. Tem um cliente interessado em comprar”, complementa o artista, apontando que a fabricação de portões, portas e janelas de ferro, continua sendo a principal fonte de renda para sustentar a família.
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