Ele ficou conhecido por vender pipoca no Sesc e nas entradas de faculdades. São 26 anos morando em Iguatu. Sustentou a família trabalhando na construção civil e com a venda de pipocas, sempre com muito bom humor, respeito e muitas conversas.
Natural do Crato, Cariri, Expedito Rodrigues da Silva, 54, lembra que iniciou seus primeiros trabalhos no ramo da construção civil, ainda na terra natal, e chegou a Iguatu há pouco mais de 26 anos. Antes morou com a família, esposa e seus três filhos em outros estados nordestinos. “Trabalhei fazendo massa, depois passei para betoneira, rodava cidades da região trabalhando, sempre com aquela vontade de ganhar o mundo, mas minha mãe nunca deixava a gente sair de perto dela, queria os filhos pertinho, mesmo casado com família, era pra tá tudo perto dela. Na época que saí do Crato, saí praticamente escondido, só quem viu foi meu irmão. Fui embora para Juazeiro da Bahia, onde trabalhei na Usina Mandacaru, beneficiamento de cana-de-açúcar, por lá fiquei uns 6 meses, era trabalho de 6h da manhã às 6h da noite, no campo. Depois fomos para Petrolina. Foi quando minha esposa teve um problema de saúde e viemos embora para o Ceará, mas não fui pro Crato. Eu, ela e as três crianças viemos embora para cá”, relembrou Expedito, contando que aqui também conseguiu emprego na construção civil.
Em Iguatu
“Quando cheguei aqui trabalhei com o finado Adécio. Aqui trabalhei como servente durante o dia, e à noite, nas festas, ajudava meu primo que tinha uma pipoqueira. Com o tempo, mandei fazer uma pipoqueira, mas sempre fiquei na construção civil. Fazendo esses dois serviços. De uns tempos para cá, meus filhos não deixaram mais trabalhar na construção, preocupados, mas a venda de pipoca nunca mais deixei. Com os tempos eu e minha esposa passamos a vender pipoca. Ela sai mais quando tem eventos. É assim que até hoje a gente se mantém”, contou, ressaltando o apoio que teve da esposa Maria da Penha, 59, e o respeito e carinho dos filhos: Emanuele, Naiane e Ednardo. “Primeiramente agradeço a Deus, depois a Raimundo Neto e Giovani, que deixaram eu vender pipoca aqui (Sesc). Eu cheguei e pedi para vender. Aqui foi meu primeiro lugar fixo. E aqui fiz e faço muitas amizades com todo mundo”, contou, ressaltando que passou também depois a vender na UVA (Universidade Vale do Acaraú), seguindo depois para Urca, quando funcionava no Colégio São José, isso fazendo o percurso de volta para casa, no bairro Paraná.
Durante o dia trabalhava de servente de pedreiro e à noite todos os dias saía para vender pipocas. “Deixei mais de vender no domingo. Comecei a vender durante o dia, agora nas escolas e à noite, quando vou para um evento, enquanto tiver movimento eu fico. Como não trabalho mais em construção, fico em casa também ajudando a mulher”.
Orgulho
E é assim que seu Expedito, uma figura bastante conhecida na cidade e querida, conquista não só a clientela, mas amigos, seguindo os ensinamentos deixados por sua mãe, dona Geraldinha. “Eu não tenho leitura. Eu gosto do que faço, porque minha mãe me ensinou a viver. Fui criado no Crato em cima da serra, escapando com pequi. Comia pirão de pequi, um me dava um beiju, outro um punhado de farinha. Minha mãe tinha uma banca de frutas e outra de café. Era minha vida. No Crato, fiz ainda carreto, fui engraxate, lavador de carro, trabalhei fazendo mandado. Eu sempre obedecia aos conselhos da minha saudosa mãe: nunca pegar nada de ninguém e sempre respeitar os outros”, relembrou.
Outro orgulho também de seu Expedito são os filhos, hoje criados, vivem bem. “Uma trabalha na Dakota, outra mora no Alencar com o marido dela, toma conta de uma propriedade deles, e meu filho trabalha como agente de endemias, é concursado na prefeitura. Nessa pandemia a gente passou dois anos sem sair, minha esposa passou a fazer máscara e minha filha vendia, foi a segurança pra gente. Meus filhos conseguiram ajudar a gente. E os três se for preciso vender pipoca, eles vêm também, não têm vergonha. Eu agradeço a Deus pelos filhos que Ele nos deu. Às vezes meu filho olha pra mim, diz: ‘painho, eu tenho orgulho do senhor ser meu pai. Por onde eu ando, falo do senhor, todo mundo lhe conhece. É uma alegria muito grande pra mim”, finalizou.
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