Sobre Shopenhauer e Nietzsche (e o seu niilismo)

22/04/2023

Arthur Schopenhauer e Friedrich Nietzsche foram dois dos mais influentes filósofos alemães do século XIX. Apesar de suas diferenças, os dois compartilharam várias semelhanças em suas filosofias.

Em primeiro lugar, tanto Schopenhauer quanto Nietzsche rejeitaram a visão racionalista da filosofia predominante na época. Eles acreditavam que a razão era limitada e que a vida humana era governada mais pela vontade do que pela razão. Ambos também enfatizaram a importância da experiência individual e do conhecimento subjetivo como uma maneira de entender a vida e a existência.

Em segundo lugar, os dois filósofos compartilharam uma visão pessimista da vida. Schopenhauer acreditava que a vida era um sofrimento inerente e que o objetivo da existência humana era alcançar a redenção por meio do autoconhecimento e da contemplação estética. Nietzsche, por sua vez, argumentava que a vida era uma luta constante pelo poder e que a verdadeira felicidade só poderia ser alcançada por aqueles que tivessem força de vontade e coragem para enfrentar os desafios da vida.

Incluisve, tanto Schopenhauer quanto Nietzsche enfatizaram a importância da arte e da criatividade como um meio de transcender a dor e o sofrimento da vida. Schopenhauer acreditava que a arte era uma das poucas coisas que poderiam nos proporcionar momentos de felicidade duradouros. Nietzsche, por outro lado, via a arte como uma expressão da vontade de poder e uma forma de afirmar a vida em sua totalidade.

Em resumo, Schopenhauer e Nietzsche compartilharam uma visão pessimista da vida, enfatizaram a importância da experiência subjetiva e da vontade em relação à razão e defenderam a importância da arte e da criatividade como uma forma de transcendência. Apesar de suas diferenças, suas filosofias continuam a ser uma fonte de inspiração e reflexão para muitos estudiosos e pensadores até os dias de hoje.

Sobre o niilismo, Nietzsche acreditava nele como um estado de descrença, pessimismo e negação de valores tradicionais. Ele acreditava que a modernidade tinha abandonado a crença em Deus e, com isso, havia perdido uma base sólida para os valores morais. Em outras palavras, Nietzsche via o niilismo como a consequência natural da morte de Deus na cultura ocidental.

No entanto, Nietzsche também acreditava que o niilismo não deveria ser visto como um problema, mas sim como uma oportunidade para criar novos valores e significados. Em suas próprias palavras, “o niilismo é a condição preliminar para a grande tarefa de criar valores novos”.

Nietzsche acreditava que o niilismo poderia levar a uma libertação do pensamento e da ação, permitindo que os indivíduos questionassem e rejeitassem os valores impostos pela sociedade. Ele acreditava que a criação de novos valores seria um processo individual, baseado na vontade de poder e na superação de si mesmo.

Assim, para Nietzsche, o niilismo não era um fim em si mesmo, mas sim um ponto de partida para a criação de uma nova moralidade baseada na individualidade, na criatividade e na afirmação da vida. Sua filosofia do niilismo e da vontade de poder influenciou muitos pensadores e movimentos culturais do século XX, incluindo o existencialismo, o pós-modernismo e a contracultura.

 

Cauby Fernandes é contista, cronista, desenhista e acadêmico de História

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