Solidão à direita

01/08/2020

Cauby Fernandes (Contista, cronista, desenhista e acadêmico de História)

O amigo leitor certamente já deva ter percebido que coisa rara é encontrar um jovem de direita na nossa cidade – ou em qualquer outra do país. Creio que já tratei desse assunto, só que de modo mais fragmentado. Acho por bem tratar dessa temática, com vistas a esclarecer aos jovens, que há vida (e muita) para além dos chavões que os canhotos entoam aos quatro cantos. Também eu já fui, um dia (há longínquos anos), um entusiasta esquerdista. Bebi da corrente marxista; acreditei no socialismo como melhor forma de sistema e tutti quanti abarcasse esse ideário puramente fantasioso. Depois dessa rápida digressão, pontuo agora apenas dois simples itens que podem ajudar o prezado leitor a entender as razões de jovens direitistas estarem praticamente extintos se comparados aos esquerdistas bem manobrados pelos tendenciosos doutrinadores.

1 – A ausência de literatura conservadora e liberal nas escolas e universidades. Qual foi a última vez em que o caro leitor viu um livro do Roger Scruton, Edmund Burke, Ludwig von Mises ou Michael Oakeshott nas prateleiras de um espaço educativo? Talvez o amigo sequer chegou a ter conhecimento da existência desses autores que usei como exemplo. A supressão do pensamento de direita é uma das marcas mais perniciosas que a hegemonia – dita pluralista e eclética – fez questão de manter sob o mar do esquecimento.

2 – Maniqueísmo político. No decorrer da minha experiência enquanto esquerdista, percebi que, no que concerne ao discurso das pluralidades, dos discursos ditos democráticos, depreendi que não são bem assim na prática. Há uma espécie de “pessoas do bem” (canhotos) versus “pessoas do mal” (direitista inimigo do povo). Nesse momento, se há um conservador/liberal entre eles, certamente será taxado por alienado, amigo do capital, burguês, machista, homofóbico, misógino, etc, etc, etc. O que quero dizer é: se você é de esquerda, tá tudo bem; és uma ótima criatura que acredita e luta por um mundo melhor. Se és de direita… Meu Deus! Um amante do belicismo e da ditadura!!!

Assim temos, portanto, a imbricação desses dois pontos esboçados: supressão do pensamento de direita e doutrinação esquerdista. Com isso há, por assim dizer, um sufocamento democrático do pensamento e da defesa de correntes que deveriam coexistir quase que de maneira natural. Entretanto, o que querem é a hegemonia do pensamento de uma única corrente. Almejam uma espécie de “ditadura do bem” (como se todo absolutismo não fosse déspota).

É claro que a senda do jovem direitista é solitária. Enquanto a turma do bem se reúne para idolatrar aqueles famigerados e vergonhosos ícones, o conservador tem como fonte de conhecimento os seus livros e a solidão do seu quarto. A boa notícia é: não seguir a manada é sempre mais libertador do que permanecer sendo igual aos chatinhos que pensam salvar o mundo com seus textos lacradores e sensibilidade cortante.

Solidão à direita, sim, emburrecimento pela massa, nunca!

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