Em Solonópole, cidade do sertão central cearense, a data de 24 de julho é dedicada ao padre Agenor Tabosa Pinto. O dia foi oficialmente instituído no município como uma data em homenagem ao padre pelos seus feitos não apenas no campo religioso mas também educacional, cultural, esportivo, artístico, entre outros.
“O religioso cuidou do seu povo de forma integral, em todas as dimensões humanas, exercendo sua missão de padre durante 43 anos em Solonópole”, comemorou a professora Socorro Pinheiro, que, com a participação de outros moradores e admiradores do querido padre, realizou uma roda de conversas, no início desta semana, terça-feira, 25, tendo como foco rememorar o padre Agenor Tabosa, falecido no dia 24 de julho de 1999. Socorro Pinheiro é filha de Solonópole e teve oportunidade de conviver com o religioso.
O objetivo do encontro foi estimular nos participantes a fazerem narrativas de forma bem espontânea sobre a figura do padre Agenor Tabosa Pinto, que tinha um espírito alegre, festivo, como conta a professora. “Padre Agenor antes de qualquer coisa tinha o espírito alegre. Então o objetivo dessa roda de conversas é um momento de alegria. São narrativas que a nossa memória trouxe, bem espontaneamente. A conversa foi sendo tecida por nós. Um puxando a memória do outro, onde cada um teve a oportunidade de falar”, disse. Veja aqui a roda de conversa: https://www.instagram.com/tv/CvIvh_RJhQu/?igshid=MTc4MmM1YmI2Ng==
Programação
Durante o evento, aconteceu também encontro de gerações de pessoas que tiveram oportunidade de conviver com o religioso, além de jovens que participaram no intuito de conhecer mais sobre as histórias do padre. O encontro foi dividido por momentos, oportunizando além da roda de memórias, apresentações de vídeos com falas de pessoas que tiveram convívio com o padre, entre essas a participação de Lenilza Cunha, da primeira turma do pensionato. Natural de São José (Solonopole), atualmente mora em Fortaleza.
Ao final aconteceu apresentação musical artística encenando uma festa, momento de alegria como o religioso gostava. “Foi uma pessoa que muito colaborou, muito ajudou no desenvolvimento de nossa cidade, transformando socialmente a vida de outras pessoas. Seu legado está em muitos de nós. Quem conviveu com padre Agenor recebeu muito do que ele tinha. Uma forma de prestar essa homenagem, fazer memória dos 24 anos de sua morte. A história dele é uma história relevante. Não podemos deixar passar esse momento de forma despercebida. Não se pode apagar a história de alguém, ainda mais sobre esse alguém que colaborou muito com a nossa história. Foi uma pessoa que além de padre atuava em outras áreas como nós sabemos. Um padre com uma capacidade imensa de liderança, uma inteligência muito rara, uma pessoa inquieta pelo motivo de não se conformar com algumas coisas. Ele fazia de tudo para se movimentar e movimentar também a cidade. É importante a presença também da nova geração e das pessoas que tiveram oportunidade de conviver com ele”, destacou a professora.
“Foi precioso. Uma homenagem que filhos e filhas de Solonópole ao padre Agenor. O objetivo dessa prosa boa foi trazer à memória aspectos importantes de sua atuação no campo religioso, artístico, cultural, educacional, esportivo e social. Padre Agenor foi múltiplo e seu legado ficou na história da cidade de Solonópole. Ele tem suas atuações que teve além de um caráter humano, tinha um caráter político, de ter ajudado as pessoas. Ele transformou e modificou a vida de muitas pessoas, dando um empurrãozinho. O projeto de igreja do padre Agenor era um projeto de integração das pessoas, não só no aspecto religioso, mas também humano na música, cultura, atividades sociais, no humor, na arte. Ele queria integrar essas pessoas na sociedade, não se importava só com a vida religiosa, mas queria também que a pessoa estivesse nessa integração completa”, ressaltou Socorro, afirmando que outros eventos e oportunidades aconteceram para manter viva a memória e história do padre Agenor.
Na segunda-feira, 24, foi celebrada a Missa solene, presidida pelo padre Rubens, pároco de Solonópole com a participação do padre Gilberlandio Alves, de Senador Pompeu. Ele foi um padre de rupturas. Cantava, dançava. Era um homem culto, dono de uma inteligência rara.
Perfil
Agenor Tabosa Pinto, cearense de Itapagé, vigário de Solonópole por longos anos, o Pe. Agenor Tabosa Pinto nasceu em 13 de março de 1928. Os estudos atinentes ao “curso primário” fê-los Agenor em sua terra natal; já os estudos seminarísticos (menor a maior) ocorreram no Seminário da Prainha, em Fortaleza. Sua ordenação presbiteral aconteceu no dia 4 de dezembro de 1954, na Igreja da Prainha, em ato presidido por Dom Antônio de Almeida Lustosa, SDB, então metropolita de Fortaleza. O neo-presbítero celebrou sua 1ª missa, na igreja matriz de Itapagé, em data de 6 de dezembro de 1954.
Antes de assumir a Paróquia de Solonópole, Pe. Agenor Tabosa exerceu seu ministério sacerdotal como “vigário cooperador” de Quixadá. Sacerdote “antenado” com os ventos de renovação trazidos à Igreja pelo Concílio Ecumênico Vaticano II (1962-65), para o Pe Agenor “o Homem deve ser colocado no centro de um sistema de valores, e para ele deve convergir todo progresso material e espiritual da nossa civilização”.
Como se depreende do exposto, valia, e muito, para ele, o exercício da “promoção humana”. Fruto de uma “catequese renovada”, em que se acentua a ligação da Fé com a Vida, é sabido que a Paróquia de Solonópole, durante os “anos Agenor Tabosa Pinto”, chegou a assistir a diversos “Centros comunitários”, legando às famílias ali contempladas um trabalho de acompanhamento e de assistência à maternidade e à infância, nas esferas espiritual e educacional.
O nome do Pe. Agenor Tabosa deve ser associado ao grupo dos padres ditos “grandes oradores” de nossa Diocese. De fato, Deus lhe havia concedido o dom da “retórica”, isto é, a arte de bem falar. Diversificado o número das beneméritas ações do Pe. Agenor em Solonópole: “extrapolando suas atividades de pároco “– está dito num site a seu respeito –” ele ainda exerceu o magistério (foi Diretor do Ginásio Bom Jesus), contribuiu para a fundação de escolas, clube esportivo, pensionato, sindicato, associações comunitárias, etc”.
Homem das Letras: após o falecimento do Mons. Francisco de Assis Couto (+ 1979), Pe. Agenor ocupa-lhe o lugar, nas páginas do Boletim da Diocese de Iguatu, escrevendo preciosas crônicas, estampadas num recanto do saudoso Boletim, a que ele deu o sugestivo título de “Coisas do Dia a Dia”.
Pe. Agenor Tabosa Pinto deixou o cenário desta vida no dia 24 de julho de 1999, tendo sido sepultado na Igreja do Bom Jesus Aparecido, matriz de Solonópole, espaço sagrado em que ele tantas vezes presidiu à Eucaristia e catequizou seus paroquianos. (Fonte: site da Diocese de Iguatu).
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