“L’Amor che move il sole e l’altre stelle”
Dante
Em um desses nossos Devaneios – Medievalista que sou – escrevi sobre a nostalgia da Idade Média. Evoquei várias razões para termos saudades daquele glorioso período da História. Faltou-me dizer mais.
Agora o faço.
Pensemos: não é verdade que a Civilização caminha de modo ascendente. Houve épocas muito melhores de se viver do que a nossa. A Medieva Idade foi, seguramente, uma delas. Época poética acima de tudo. Nebulosa, enigmática. Não há nada na nossa férrea e pobre época que supere os medievos tempos. Ciência? Tecnologias? Confortos? Em que tais coisas tornaram o homem melhor, menos só, mais próximo de Deus?! As nossas frias e estéreis certezas jamais nos confortaram. Agrada-me mais pensar no céu de Ptolomeu com seus nove círculos e o sol a girar em torno deles. Havia na mundividência medieval mais significados humanos, mais unicidade nas atitudes e paixões.
Divaguemos sobre a mulher. Nunca foi tão amada, tão valorizada como na medieva era. Foi musa dos troubadours, foi associada à Virgem Maria! Dante a celebra na Commédia como o ícone máximo de pureza, Beatrix, que o leva a percorrer os ínvios caminhos do Inferno e do Purgatório até ao Paraíso onde ela o espera.
A propósito de Letras, nada superou – nem mesmo Skakespeare – a obra de Dante, autor medieval, desde a antiguidade. Petrarca, Boccaccio, Chaucer, os Goliardos e muitos outros foram distintas Lumina daqueles mil anos magníficos.
Havia causas verdadeiras pelas quais era nobre e bom lutar e até morrer. Proteger os peregrinos, libertar Jerusalém. O homem medieval supera em todos os aspectos o homem moderno. Nós somos como animais totalmente embrutecidos. O homem medievo preocupava-se acima de tudo com o destino de sua alma. A verdadeira vida, ele sabia, não é esta. A viagem post mortem era tudo o que importava. Muitas coisas nos ensinaram de forma errada sobre a Idade Média. Professores medíocres, vinculados a torpes e distorcidas ideologias. Digamos a verdade: A Igreja foi redentora; guardou e zelou pelo patrimônio da Antiguidade Clássica. Lutou contra o Pecado o quanto pôde. As Ordens de Cavalaria foram verdadeiramente nobres; seguiram uma conduta voltada para o Bem pensando sempre na Redenção Divina.
Um último aspecto. Criticam a Idade Média pela pretensa censura, pelo controle da palavra escrita e falada. Há certa verdade nisso. Mas indagamos: nos tempos atuais não ocorre algo muito, muito pior? Hoje nós REALMENTE podemos dizer e escrever tudo o que pensamos? Infelizmente Tempus nunquam redit! O tempo não volta. Mas é preciso reabilitar e amar os medievos séculos!
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