Evocando Skakespeare: happy few (felizes os raros) que conseguem a dádiva de realizar uma boa tradução. Durante vários meses, in gravi labore, trabalhamos na forma vernacular do “Brise Marine” do quase indecifrável e enigmático poeta simbolista francês Stéphane Mallarmé (1842-1898). Com grata recompensa, conseguimos manter todo o esquema rimático e métrico em alexandrinos clássicos. Ecce lectori, Eis ao leitor:
Brise Marine
La chair est triste, hélas! Et j’ai lu tous les livres.
Fuir ! Là-bas fuir! Je sens que des oiseaux sont ivres
D’être parmi l’êcume inconnue et les cieux!
Rien, ni les vieux jardins reflétés par les yeux
Ne retiendra ce coeur qui dans la mer se trempe
O nuits! Ni la clarté déserte de m alampe
Sur le vide papier que la blancheur défend
Et ni la jeune femme allaitant son enfant.
Je partirai! Steamer balançant ta mâture,
Lève l’ancre pour une exotique nature!
Un ennui , désolé par les cruels espoirs,
Croit encore à l’adieu suprême des mouchoirs!
Et, peut-être, les mâts, invitant les orages
Sont-ils de ceux q’un vent penche sur les naufrages
Perdus, sans mâts, sans mâts, ni fertiles ilots…
Mais, ô mon coeur, entends le chant des matelots!
Brisa Marinha
Ai! A carne é triste e os livros todos li;
Além, fugir, além; pássaros ébrios vi
Nos céus, na estranha escuma e nada os faz parar
Nem os velhos jardins mergulhados no olhar
Nem este coração que se molha no mar.
Ó noites! Nem a luz deserta a iluminar
O vazio papel. Nada há de brotar.
Mastros! Eu partirei! Ó nautas, com postura!
A âncora subir à exótica natura.
Um tédio de cruéis esperanças tomado
Crê ainda no adeus de um lenço agitado.
E os mastros, talvez, exortando as procelas
Venham depois pender, ao vento, sobre elas.
Sem mastros. Tudo em vão. Perdidos paradeiros…
Mas sabes, coração, o som dos marinheiros.
*Tradução de Everton Alencar
Professor de Latim da Universidade Estadual do Ceará
Professor Doutor Everton Alencar
Professor de Latim da Universidade Estadual do Ceará (UECE-FECLI)
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