Antônio Pereira de Oliveira
Em 1950, deixei o emprego no comércio e ingressei na agência local do Banco de Crédito Comercial, em Iguatu, no Estado do Ceará, mediante prova seletiva, trocando a condição de comerciário pela função de bancário. Foi uma decisão acertada. Fazia mais sentido com minhas aspirações.
Foi por esse tempo que fiz amizade com José Sebastião de Alencar Bizarria, funcionário da Banco do Brasil, recentemente transferido de Fortaleza que, sondando meus conhecimentos e desembaraço, sempre me aconselhava a fazer o concurso do Banco do Brasil. Minha escolaridade era pouca, e poucos os meus rudimentos de Francês e Inglês, línguas estrangeiras exigidas na prova. Não estava seguro, temia pelo insucesso da cartada.
À custa de tanto o Bizarria bater na tecla, levei o assunto ao conhecimento do colega Carmênio Gonçalves Jucá, que na agência ocupava o cargo de subgerente. O colega não só concordou com a ideia, como decidiu juntar-se a mim na empreitada. Tínhamos apenas o curso primário. O Banco do Brasil, até então, não exigia certificado de nível médio. Passamos a estudar, com afinco, em casa, as matérias exigidas, avaliando, sempre que possível, em cada encontro, o nível do aproveitamento.
Inscrevemo-nos no primeiro certame que o banco abriu ao público. Éramos 18 candidatos. No dia das provas, verificamos, com natural reserva, que íamos concorrer com jovens vindo de Fortaleza de escolaridade superior à nossa, deles já formados. Tínhamos que enfrentar as feras. Era uma batalha séria. A conquista de um emprego no Banco do Brasil, naquela época, era uma meta pela qual valia a pena lutar. Poucos meses depois foi anunciado o resultado. Ninguém logrou êxito.
Seis meses depois, o banco abriu novo concurso, mais uma oportunidade, não éramos de desistir facilmente. Voltamos a inscrever-nos, a enfrentar o duro páreo. Preparamo-nos com cuidado e enfrentamos a mesma força de superioridade dos candidatos procedentes de Fortaleza, veteranos nas filas de vestibulares. Fazer o quê? Valer-nos da nossa força de vontade e determinação. Desta feita fomos aprovados em Português, Matemática e Contabilidade, mas não alcançamos e média estabelecida.
Com menos de um ano depois, o banco abriu mais um concurso. Precisávamos desse emprego. Precisávamos passar, dessa vez, era uma questão de honra. Precisávamos conquistar uma posição definida na vida, o que dependia de uma aprovação nesse páreo. Com essa decisão, atiramo-nos às provas, em meio aos mesmos concorrentes bem preparados, vindos de fora.
Desta feita apenas nós dois logramos aprovação. Corria o ano de 1953 e, no dia 20 de julho, tomamos posse na agência em Iguatu, decididos a fazer carreira, neste estabelecimento de crédito, como de fato aconteceu.
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