Moradores de diversos bairros do município de Iguatu acionaram a polícia, na quinta-feira, 14, após serem abordados por pessoas que se apresentam como funcionários de uma empresa de pesquisa que estava realizando testes para o novo coronavírus (Covid-19).
Cerca de 16 pessoas foram detidas, em ação conjunta das Polícias Militar e Civil. O município de Iguatu, através da Secretaria de Saúde local, afirmou que não foi comunicado pelo Ministério da Saúde e institutos de pesquisas sobre o trabalho na cidade. O poder público local deu o suporte à ação policial através do DEMUTRAN e Vigilância Sanitária.
Conforme a investigação, um inquérito foi instaurado. Os pesquisadores não estavam apresentando nenhuma identificação funcional de instituto de pesquisa. Em depoimento na Delegacia Regional de Iguatu, os suspeitos alegaram ser oriundos de Fortaleza e trabalhavam para a Pesquisas Nordeste LTDA, que terceiriza o trabalho ao IBOPE. Um ônibus foi apreendido na ação.
O grupo foi detido em posse de testes, ampolas com sangue e isopor para coleta e armazenamento de fluídos. Eles estavam divididos em bairros da cidade como Cocobó, Vila Moura e Vila Neuma. Outra metade foi encontrada em uma pousada da cidade.
O grupo assinou um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) por infrações penais de exercício ilegal da profissão e por estar expondo a risco a vida e a saúde dos iguatuenses. Todos foram conduzidos de volta para os seus locais de origem e o material foi apreendido pela Vigilância Sanitária e será descartado. “Soubemos que casos parecidos foram registrados em outros municípios e que há um trabalho de pesquisa por parte de institutos. O problema é que eles não tinham especialização médica e clínica para o procedimento. Muitos não portavam Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). Vamos investigar o caso e remeter o processo à justiça”, explicou o delegado Wesley Alves.
IBOPE e Ministério
O site da empresa IBOPE Inteligência informa que o instituto esteve realizando, nos dias 14 e 15 de maio, uma pesquisa em todo o país sobre a prevalência da Covid-19 na população brasileira. O estudo envolvia o município de Iguatu e outras cinco cidades. A coordenação da pesquisa é da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), com financiamento do Ministério da Saúde.
O plano do Ministério da Saúde é que a comparação dos resultados das diferentes rodadas mostre a velocidade com que o vírus está se espalhando pelo país. Esse tipo de informação poderá ser útil, por exemplo, para balizar uma decisão sobre medidas de relaxamento do distanciamento social em uma determinada região.
A reportagem entrou em contato com IBOPE e empresa Pesquisas Nordeste LTDA, para saber se eles reconheciam o trabalho dos pesquisadores detidos pela polícia, porém não recebemos reposta.
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