Como se já não bastasse o quadro pandêmico ao qual estamos atravessando, que afeta verdadeiramente a saúde mental e física da humanidade, os incansáveis e ridículos patrulheiros do politicamente correto ainda conseguem arranjar tempo para problematizar qualquer acontecido como preconceito, seja ele “racismo”, “homofobia”, “xenofobia” etc.
É inacreditável constatar a perda de tempo dessa horda de despreocupados com a própria vida, mas ocupados demais quando o assunto é determinar o “bem proceder” social. Saem multando, via “cancelamento”, toda conduta de um “machista” desavisado, por exemplo, achando que a militância de cada dia salvará o mundo das garras da opressão dos que não concordam com eles. Sim. Se você não for um deles, você é automaticamente um opressor em alguma das categorias (se não todas) aqui supracitadas.
As definições de valores destes indivíduos estão alicerçadas no visceral costume de todo ditador: o despotismo. Acusam de autoritarismo quando são eles os autoritários. Como todo essencial esquerdista, aprenderam com Lênin, afinal, é dele a famigerada máxima “Acuse os adversários do que você faz, chame-os do que você é”.
Enquanto isso, o cenário atual é dantesco. Em virtude da impossibilidade de trabalhar, muitos tiveram de encarar a dura realidade de encontrar pratos vazios no seu lar. O sistema burocrático dificulta o acesso às mais irrisórias políticas sociais, que beiram ao assistencialismo puro e simples. Chefes de estado não dão conta de para onde foram os gastos das verbas federais destinadas a estes…
Mas o povo, inerte e alheio a tudo isso e mais um pouco, está verdadeiramente mais preocupado (graças aos efeitos da doutrinação da patrulha) com um comentário sobre um cabelinho de um indivíduo em um programa de Televisão, do que com a mazela instaurada. No frigir dos ovos, não obstante os erros cometidos pelo chefe do federativo e da sua trupe, bem como erros cometidos pelos gestores estaduais e municipais, o que mais me deixa boquiaberto é essa completa falta de interesse e preocupação pelo quadro periclitante aqui mencionado.
Enquanto isso, a militância encontra-se irrepreensível para enxergar a sua trave do hades em terra, e preocupada com trivialidades trazidas como sumamente importantes, que seja, a lacração. Jesus Cristo não nos faz esquecer de semelhante cegueira quando disse:
“E por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão e não vês a trave que está no teu olho? Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, estando uma trave no teu? 5 Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho e, então, cuidarás em tirar o argueiro do olho do teu irmão”. Mateus 7: 3-5.
É, caro leitor, estamos vivenciando tempos sensíveis em demasia para tolices, e dormente para o que realmente importa. Fico imaginando se em uma época passada essa pandemia seria tratada mediante enfrentamento infinitamente eficaz, pois acredito que o mundo estaria concentrando todas as suas forças para derrotar o verdadeiro inimigo, ao invés de perder tempo com batalhas de ego, politicagem e semelhantes acordos escusos.
Saúde não é brincadeira. Economia também não é… Mas a militância quanto a assuntos supérfluos, é, além de uma brincadeira de mal gosto, uma afronta à vida. Que, em meio a esses tempos sensíveis, surjam homens fortes, ao menos.
Cauby Fernandes é contista, cronista, desenhista e acadêmico de História
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