Quando partiu de Iguatu para a capital Fortaleza, aos 24 anos, no ano de 1967, Toinha jamais imaginava que estava iniciando uma jornada que a faria marcar época na história de um time de futebol. Considerada funcionária-símbolo do centenário Fortaleza Esporte Clube – FEC, hoje com 77 anos de vida, ela completou neste mês de janeiro 50 anos de serviços prestados e principalmente de amor dedicados a uma das instituições de futebol mais importantes do país.
Antônia Porfirio Lima ou simplesmente “Mãe Tricolor”, como é chamada por centenas de atletas e diretores que passaram pelo clube, por lá acabou permanecendo. O atual presidente Marcelo Paz, por exemplo, sequer tem 40 anos de vida. “Dedicar uma vida inteira com amor, conhecer histórias de pessoas que estão, estavam e até́ mesmo aquelas que já se foram desta vida, faltam adjetivos para descrever o que ela representa para o Fortaleza. Sempre positiva, vibrante, corajosa, com muita fé, cuidando, zelando, amando este clube”, afirmou Marcelo.
Descansar jamais
Toinha é aposentada há 18 anos, todavia nunca deixou de prestar seus serviços ao FEC. Ingressou no time em 1971, e só agora como afirmou passou a conhecer sua casa. “Eu digo que moro na sede do Fortaleza e tenho uma casa para dormir. Saía 7h da manhã e chegava às 20h. Por sinal só agora passei a olhar minha casa com outros olhos. Por causa da pandemia e por ser grupo de risco, agora que vim conhecer minha casa (sic). Mas não vejo a hora disso tudo passar e voltar a minha rotina”, contou.
No Tricolor de Aço acumulou vivências como arrecadadora de dinheiro nas urnas do clube para comprar ‘kichutes’ para meninos do amador. Foi porteira, cozinheira, lavadeira, telefonista e agora é auxiliar de nutrição.
Iguatu: terra natal
Toinha é mãe solteira e tem dois filhos, três netos e um bisneto. Em Iguatu ainda estudante trabalhava na padaria de Sabino Antunes como empacotadora e despachante de balcão. Recebia as encomendas dos caminhões da Fábrica Fortaleza, foi quando surgiu a oportunidade de alçar novos voos e agarrou a chance de atuar na que hoje é uma das maiores indústrias de alimentos do país, trabalhando por quatro anos até o Fortaleza surgir no seu caminho, literalmente. “No caminho de casa passava pelo estádio Presidente Vargas e via as bandeiras tricolores, passei a assistir aos jogos e me encantei”, lembrou.
Natural do Cedro, do Sítio Malhada Vermelha, tem a cidade de Iguatu como terra natal. “Ainda tenho família na Malhada Vermelha, sobrinhos e um irmão. Mas foi de Iguatu que me surgiram as oportunidades. Infelizmente, pouco vou à cidade, passei dois dias quando o time foi jogar a Taça Fares Lopes, deu para relembrar as boas lembranças”, lembrou.
Amor
Nesse meio século no clube, Toinha já viveu as mais diversas emoções. Reluta sempre em tomar remédio e se diz adepta do chá. Passa por consultas com médico do próprio time e afirma dizer que só toma um comprimido para controle de pressão arterial. “Passei por um exame recentemente e meu coração está tudo bem. Brinco com o médico dizendo que ele já foi testado demais pelas emoções que o meu time proporciona”, disse.
Toinha protagonizou uma cena que ficou gravada na mente de quem acompanhou a batalha do Leão em 2017 com o acesso à Série B. Após a vitória do Fortaleza diante do Tupi e a vaga conquistada, atravessou o gramado do estádio Mário Helênio, em Juiz de Fora, de joelhos para pagar uma promessa especial.
Toinha é um símbolo do que representa o time para muitos torcedores: combativa, aguerrida, vibrante e forte. Em 2018, em sessão no Senado Federal em homenagem ao centenário do clube, discursou para os presentes. “Não tenho o que reclamar da vida, pois ela me deu o Fortaleza”, finalizou.
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